Icônes femininos do mundo da moda

A moda é uma expressão artística que transcende o tempo e o espaço, moldando e refletindo a cultura e a sociedade em que está inserida. No epicentro dessa indústria multifacetada, encontramos mulheres visionárias que não só vivem desafiando as convenções estabelecidas, como também buscam redefinir os limites da criatividade, consequentemente, inspirando uma nova geração de sonhadores talentosos.

Neste cenário, destacam-se nomes como Rei Kawakubo, Bianca Saunders, Grace Wales Bonner, Chitose Abe e Phoebe Philo, cada um contribuindo em sua particularidade significativa para a imagem da moda contemporânea.

Confira abaixo um pouco mais sobre cada uma delas.

Rei Kawakubo

Nascida em 11 de outubro de 1942, Rei Kawakubo é uma das figuras mais influentes na moda contemporânea. Apesar de não possuir formação formal em design de moda, Kawakubo estudou artes plásticas e literatura na Universidade Keio, no Japão. Em 1967, iniciou sua carreira como estilista freelancer e, dois anos depois, fundou a Comme des Garçons, marca que se tornaria um ícone de inovação e desconstrução na moda.

A marca Comme des Garçons foi fundada em 1969, e é conhecida mundialmente por suas roupas antimoda; ganhando notoriedade ao desafiar convenções estéticas e promovendo uma visão singular sobre moda e design, livre de padrões. Por sua abordagem holística, Kawakubo é conhecida por se envolver não apenas no design de roupas e técnica, mas também em design gráfico, publicidade e interiores de lojas. Sua loja em Aoyama, Tóquio, com sua fachada de vidro inclinada, é um exemplo dessa visão integrada.

Mesmo vendo uma masculinidade tóxica, militarismo ou agressão aqui no mundo real, o universo Comme des Garçons projetado por uma mulher, Rei Kawakubo, não há vestígios de tais males; visto que a designer não só se retira dos padrões da sociedade como também introduz elementos que, muitas vezes foram relacionados ao público feminino, agora trás de maneira repaginada ao público masculino.

Um bom exemplo é sua coleção de Outono 2024 Menswear – CDG Homme Plus, que apesar de haver uma narrativa singular que comunique em palavras o universo da coleção, Kawakubo buscou trazer sentimento as peças felpudas, de feltro, em jaquetas recortadas como cardigãs encolhidos e calças com dobras volumosas e caídas. E em certos períodos, ela substituiu as calças por saias plissadas brancas e logo deu seguimento a malharia: gaiolas macias, suéteres de malha de bebê rendados, usados com fraldas franzidas, que remetia a uma estética vitoriana.

“Nunca tive a intenção de iniciar uma revolução. Acontece que a minha noção era diferente da de todo mundo”, disse a designer ao “New York Times”. E com isso, mesmo no passado tendo sofrido com tais críticas devido a originalidade de suas criações assimétricas ou inacabadas, pode ser compreendida por alguns veículos e pelo público que não só puderam partilhar positivamente com o olhar da designer como também de expandi-lo, ganhando através do baile do MET, uma exposição, sendo a segunda pessoa viva ao ser homenageada pela instituição; e ganhando parecer do público com suas coleções vanguardistas e inovadoras.

Bianca Saunders

Revolucionando a moda masculina com sua abordagem única, a designer britânica Bianca Saunders combina tradição e modernidade em suas peças, fluindo através de narrativas clássicas e diversas com sempre novos meios de estampar códigos da atualidade nos seu trabalho. Formada pelo Royal College of Art em 2017, Bianca rapidamente ganhou reconhecimento, sendo nomeada uma das “30 Under 30” da Forbes em 2020. Trazendo peças homônimas, Bianca Saunders vem desafiando as normas de gênero e celebrando a cultura negra nos seus projetos. E foi graças a sua influência no mundo da moda foi ainda mais ressaltada em 2023, quando conquistou um lugar cobiçado no conceituado “BoF 500” da Business of Fas.

Os designs de Saunders são a comprovação de uma abordagem autêntica com uma visão interativa entre tradição e modernidade, o que resultou num novo olhar para a moda masculina; tanto que foi através desse mesmo olhar intercultural nas suas criações no evento do Met Gala testemunhou sua proeza inovadora, ao revelar cinco looks inspirados na sutileza de alfaiataria de Karl Lagerfeld, mesclando sua cultura com design de luxo ao lado de Usher.

Durante calendário de Paris no início de 2022, a designer britânica-jamaicana concentrou-se em refinar suas silhuetas principais para o outono. “Esta coleção captura tudo o que quero dizer com minha marca agora”, diz Bianca. “E eu queria mostrar alguns dos looks em mulheres também, porque todos devem poder vestir e se sentir confortáveis com minhas roupas.”

Nesta temporada, Bianca utilizou tecidos deadstock, adquiridos da plataforma apoiada pela LVMH, Nona Source, além de materiais da Positive Materials e Isko. Mesmo optando por uma apresentação digital, a alfaiataria distintiva de Saunders e o minimalismo sutil ressaltaram o movimento como um foco central.

Grace Wales Bonner

Grace Wales Bonner, nascida em 1990, é uma designer inglesa cujas criações mesclam herança europeia e afro-atlântica. Fundadora da marca Wales Bonner, ela é reconhecida por suas propostas inovadoras que redefinem o luxo cultural. Bonner recebeu inúmeros prêmios, incluindo o LVMH Prize e o CFDA Fashion Award.

Além de sua marca, Bonner é chefe do Departamento de Design de Moda da Universidade de Artes Aplicadas de Viena. Sua exposição “A Time For New Dreams”, na Serpentine Sackler Gallery, explorou as práticas culturais e estéticas negras, solidificando sua reputação como uma pensadora e criadora multifacetada. Colaborações com a Adidas e a Dior destacam sua influência e versatilidade no mundo da moda.

A designer, conectora de cultura para diversos gêneros e gereções, explorou linguagens singulares da história com aspectos atuais na coleção de outono inverno 2024: introduzindo combinação de uma alfaiataria britânica com códigos colegiais através da varsity Americana. Chamada “Dream Study”, inspirada na Universidade Howard, a coleção é um encontro da experiência na universidade, introduzindo silhuetas atléticas refletindo o legado esportivo de Howard, junto para com as jaquetas de aviador de couro, blusas de veludo e camisas de beisebol de cetim fecham o guarda-roupa acadêmico.

Simples e pragmático, essa é a tendência pela qual Wales executa as coleções de roupas – que está dominando a moda no momento; com diferentes referências culturais e baseados num aspecto essencial para a construção de um projeto – “Acho que quero fazer algo que não seja supérfluo”, diz a designer mostrando que busca alicerçar muito bem todos os elementos e linguagens durante o processo de criação.

Chitose Abe

Chitose Abe, fundadora e diretora criativa da Sacai, é conhecida por sua habilidade em combinar peças de roupa de maneira inovadora. Trabalhando inicialmente na Comme des Garçons, Abe lançou a Sacai em 1999, criando uma marca que desafia as convenções com suas criações híbridas e técnicas de design únicas.

Abe vem mantendo controle criativo total sobre sua marca, garantindo que cada coleção reflita sua visão artística. A Sacai, que começou a desfilar na Semana de Moda de Paris em 2009, agora é uma presença internacional respeitada, com colaborações de destaque, incluindo Nike e Beats by Dre. A dedicação de Abe à inovação e qualidade fez dela uma figura central na moda contemporânea.

Na ultima coleção Fall 2024 Menswear, Chitose não só produziu puffers, trench coats, malhas Fair Isle, tweed e jaquetas de couro estilo biker; como também, em sintonia com a estética colegial americana, não poupou esforços para introduzir a tendência do momento nas passarelas, com silhuetas complexas, volumes exacerbados e descrições fugindo principalmente dos padrões clássicos esperados naquela temporada. Na coleção feminina, também havia muita desses códigos rolando, principalmente em malhas assimétricas torcidas, silhuetas com mangas balão e construções de vestidos verticalmente rasgados e com zíper—um prelúdio para o desfile que ela fará na temporada que estava por vir. Através desses trabalhos, sua credibilidade se destacou, a levando a colaborações com a Carhartt e com o pioneiro do skate e streetwear e artista Mark Gonzales.

Phoebe Philo

Nascida em Paris, de pais ingleses, Phoebe Philo cresceu nos subúrbios de Londres. Formada pela renomada Central Saint Martins, iniciou sua carreira em 1997 como assistente de Stella McCartney na Chloé, eventualmente assumindo o cargo de estilista em 2001. Ao assumir a Celine em 2008, Philo revitalizou a marca francesa, introduzindo um guarda-roupa funcional e contemporâneo sem perder a personalidade.

Praticando com elegância a prática do luxo discreto na Celine, Sob sua direção, Philo contribuiu para com a popularização de tendências e tradução de conceitos complexos em produtos de sucesso como a alfaiataria desconstruída e calças slouchy, além das icônicas bolsas Trapézio e Luggage. Além disso, Phoebe não só influenciou a moda com o uso de couro, silhuetas oversized, alfaiataria desconstruída e a reinserção do trabalho artesanal com uma estética urbana; como também impactou culturalmente de maneira significativa itens como o tênis Stan Smith da Adidas.

Philo deixou um legado na marca com uma legião de seguidores conhecidos como “philophiles”. Sua influência continua a ser sentida em marcas contemporâneas e plataformas de revenda, evidenciando a longevidade de seu impacto na moda.

Essas cinco designers não somente lideram algumas das marcas mais influentes do mundo, como também redefinem o significado de ser uma mulher no ramo de moda masculina e/ou feminina, combinando talento, modernidade, inovação e uma imersão cultural bem alicerçada em suas visões criativas.

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