Cosmopolitan Boys Sunday Snippets #005

Foto de capa por Gabriel Moses.

19/05/2024, Domingo, 13:51 @ Centro, São Paulo.

Fiquei sumido na semana passada por questões pessoais, de trabalho e planejando algumas coisas grandes pro Cosmopolitan Boys. Me dei conta de que o projeto do CB só tem 2 meses e isso me deixou bem pensativo. Sinto que, mesmo em pouco tempo, estou conseguindo criar uma comunidade e no final das contas isso é tudo o que importa. Esse ano eu me propus à colocar o pé no acelerador e ser mais imediatista com as minhas ideias, fazer tudo acontecer no menor tempo possível e sem pensar demais. O que parece certo talvez seja o certo. Se foram os meus instintos que me trouxeram até aqui, não tem porquê começar a questioná-los agora.

Hoje é mais um dia importante pro projeto, estreia de um ‘quadro de entrevista’ que pretendo fazer com pessoas que eu gosto e que tem um estilo de vida alinhado com o que idealizo pros Cosmopolitan Boys, acho que vocês vão curtir. Dito isso, seguimos sempre em busca do próximo passo. Espero que gostem da curadoria da semana e encontrem algo relevante pra vocês e que faça a diferença nessa semana.

*Cada tópico está dissecado um pouco mais. Clique nas setas e/ou nos links.

COISAS QUE ESTOU LENDO
Gabriel Moses

A primeira vez que li o nome “Gabriel Moses” foi nesse vídeo de 4 anos atrás, um mini doc sobre o jogador Origi, que era atacante do Liverpool na época. Foi a primeira de MUITAS, ele vem de uma sequência há 4 anos que parece não acabar nunca. Com certeza é um dos criativos mais prodígios (24 anos) e prolíficos de Londres, do mundo e dessa geração, além de ter um dos currículos mais invejáveis da história. Acho que só no últimos 2 meses ele colaborou com Travis, Kanye, Nike e Adidas (parece impossível, mas sim), publicou livro, abriu exposições e etc.

No final desse link da agência que o representa, tem uma série de entrevistas e publicações sobre ele. Aconselho que vocês tirem um dia e leiam todas.

Selecionei e traduzi algumas das falas que mais gostei:

A maneira como eu trabalho é: eu tenho uma ideia, eu a concretizo e então eu a coloco na internet. Eu não sigo o caminho tradicional de publicá-la ou algo assim. Se cinco pessoas a virem, ou se 500 pessoas a virem, essa é a minha audiência, sabe? Eu não penso demais no processo, eu sou só tipo “vamos fazer”. Eu não coloco pressão sobre mim mesmo porque sinto que não tenho nada a perder. Todo dia que eu acordo é uma bênção, e todo dia que eu consigo fazer o que faço para viver já é uma vitória para mim.

Que conselho você daria para jovens criativos começando hoje? Confie na sua capacidade de aprender. Qualquer pessoa que esteja fazendo algo em um alto nível é humana como você e eles aprenderam uma habilidade do zero.

Meu gosto vem das minhas memórias – eu não estudei nada disso na escola. Eu tenho dificuldade para assistir filmes; Eu tenho um período de atenção realmente curto. É o mesmo com a fotografia. Só recentemente comecei a estudar outros fotógrafos e imagens de moda do passado. Muitos dos meus interesses vêm de memórias de estar ao redor da minha irmã crescendo quando ela estava estudando moda. Ela tinha imagens de referência espalhadas pelo quarto dela, mas na época eu não pensava nada disso. Eu achava que era uma porcaria. Mas então, no segundo em que peguei uma câmera, era como se eu soubesse o que é uma imagem bonita. Eu amo coisas bonitas, e minha mãe definitivamente entendeu isso em mim. Ela arrumava flores na casa e dirigia oficinas de arte e artesanato na escola dominical. Ela era toda sobre fomentar a criatividade. Aos 17 anos, eu estava muito confiante no meu gosto e na minha capacidade de confiar no que eu vejo como bonito.

Você é autodidata, como isso influenciou seu estilo de fotografia e como você cria filmes? Eu trabalho como uma criança. Todos nós temos imaginações, mas sinto que perdemos muito disso com a idade. Eu continuo tendo ideias constantemente e acreditando nelas.

Zack Bia, Burgeoning Music Mogul, Wants To Set the Record Straight

Artigo da GQ sobre o Zack Bia. DJ, dono da gravadora Field Trip e muitas coisas no meio disso (amigo próximo do Virgil). Ele é uma grande inspiração, conseguiu cavar seu lugar na indústria sendo um cara low profile e conquistar a confiança de todas as pessoas importantes, só começou a dar entrevistas recentemente. Fala muito sobre estar nos lugares certos nas horas certas e como construir conexões genuínas. Separei e traduzi os trechos que mais gostei:

Ele era um DJ em ascensão e socialite que havia se esforçado para entrar no círculo íntimo de Drake após dominar a arte de conectar e construir na cena noturna de LA. “Ele é adjacente a celebridade”, diz a doyenne do DeuxMoi, “que é na verdade a nova celebridade.”

Bia tentou se livrar de sua imagem de promotor. Antes da pandemia, ele já havia “se comprometido a não ser o cara que estava sempre saindo e dando festas todas as noites”, diz ele. Em vez disso, ele embarcou em uma carreira como um magnata da música autodidata. Pra quem não entende como Zack Bia viaja nos círculos fechados que ele transita: implantando o tipo de charme discreto e de promotor de festas que deixa os ultra famosos à vontade – um talento geracional para bater papo que a câmera simplesmente não consegue capturar.

Bia afirma que não presta muita atenção no discurso online em constante mudança. “Minha vida é tão offline”, ele me diz. Ele raramente posta no Instagram, onde tem várias centenas de milhares de seguidores. “Há um excesso de estímulos de informação e conteúdo. É apenas controlar o que você pode controlar. Posso fazer boa música? Posso trabalhar com artistas de quem me importo? Posso arranjar tempo para minha mãe e meu irmão? É mais ou menos onde estou.”

“Quando o conheci, ele já estava totalmente formado”, diz Bia. “Todas as ideias são dele. Eu apenas as executo. Eu sou tipo, vamos fazer esses movimentos.” – Sobre ser o empresário do trapper YEAT

Mas Bia ainda é um pouco jovem demais para ter desenvolvido a casca grossa de alguém como seu amigo e quase-chefe. “Aprendi muito com o Drake,” ele diz. Um importante conselho: “Sempre que alguém fora do seu grupo direto de amigos souber sobre você, vai haver haters.”

É um pouco óbvio, mas destaco que Bia se sente mais confortável ao mover-se entre o centro das atenções e as linhas laterais, em vez de estar diretamente no centro das atenções.

Parte do mistério de Bia é quanta área ele parece cobrir – a gama de projetos criativos que ele parece ter uma mão a qualquer momento. “Ele arma muitas jogadas, seja na música ou em festas, e ele está por dentro, mas não está por aí se promovendo e estando na frente de tudo. Ele é muito bom em manter um equilíbrio de profissionalismo e criatividade”, diz Jack Byrne da equipe de documentários de curta duração Sidetalk NYC, que deu uma festa com Bia depois de um dos shows de Drake. O local era a rua fora do MSG, e Bia garantiu um ônibus escolar conversível com uma cabine de DJ para a ocasião.

“Qualquer coisa que Zack Bia está fazendo, as pessoas acham que vai ser bem legal.” Em outras palavras, onde Bia vai, uma multidão segue.

“Meu caminho não é tipo, deixe-me ser uma figura da internet e isso se traduzirá na vida real”, diz Bia. “O meu é o oposto, que é um caminho muito mais lento, mas muito mais pessoalmente impactante, porque o meu é tipo, deixe-me ir tocar em festas na vida real. Deixe-me apertar as mãos na vida real. Deixe-me ser amigo de alguém. E então isso se refletirá online.”

Depois do show, eu pergunto a Bia sobre fazer a transição de um cara mais discreto para DJ de arena. Para minha surpresa, ele parece aliviado por finalmente poder entrar no centro do quadro. “Sinto que estar nos bastidores e ser alguém que tem o privilégio de estar perto de artistas e pessoas criativas e ser permitido entrar no santuário interno, você nunca quer expor isso”, diz ele sobre o início de sua carreira outrora nebulosa. “Você está lá para fornecer ideias e referências e providenciar uma vibe e fazer parte disso. E então o próximo passo disso é quando você faz música com essas pessoas, você mostra que está realmente unindo ideias e dando vida a ideias. E o show de hoje à noite é um reflexo de quão real é. Quem está no projeto? Yachty, Montell Fish. Quem está comigo no Garden? Yachty, Montell Fish.”

Meet The Man Who has Your Favorite Artists On Speed Dial

Artigo sobre o Brock Korsan (@brockymarciano), mais um da categoria “pessoas fodas que ninguém sabe direito o que faz”. Em resumo ele é A&R de gravadora, sócio do Tremaine Emory na No Vacancy Inn e Bon Vivant. Alguns trechos da entrevista:

Korsan é um faz-tudo – “O Winston Wolfe da música”, como Complex o chama – dividindo seu tempo entre gerenciamento de artistas, gerenciamento de produtores, consultoria, sendo um sócio-gerente para No Vacancy Inn, e trabalhando A&R (artistas e repertório; também conhecido como desenvolvimento de artistas e busca de talentos) para a Interscope Records.

Uma coisa que você aprenderá sobre pessoas extremamente bem-sucedidas é que elas sempre gostam de tirar um tempo para si mesmas. Korsan não é diferente. “Quando eu acordo, eu olho para o Surfline no meu telefone, então eu saio e olho para as ondas. A primeira coisa que faço a partir daí é ir buscar café”, ele nos conta. “Eu geralmente bebo quatro shots de expresso sobre gelo. Eu sou um extremista, sabe? Eu estou no estúdio até três ou quatro da manhã, então para eu ainda conseguir acordar às sete, eu preciso dessa carga turbo [risos].”

“Depois de surfar, eu fico em casa por uma hora, passando por todos os emails que perdi pela manhã”, ele continua. “Depois vou para o escritório da [Interscope], ou corro para reuniões da No Vacancy Inn, para a Interscope, para as coisas da minha administração.” No Vacancy Inn é o grupo criativo do qual Korsan faz parte, ao lado de Tremaine Emory e Acyde Odunlami – eles fazem de tudo, desde programas de rádio até festas, roupas e arrecadação de fundos, mas vasculhe a internet, e você terá dificuldade em encontrar uma definição exata do que o grupo é. “É essa entidade em constante mudança que ninguém consegue realmente definir. Você não pode nos colocar em uma caixa”, explica Korsan. “Nós realmente não sabemos o que vai acabar sendo, o que é legal. Todos nós temos nossos ofícios, então poder fazer algo à parte que é mais um canal de expressão é legal.”

Mas como alguém que é autodidata dentro da indústria passou de ser um garoto jogando esportes para correr por aí gerenciando produtores e artistas? “Eu não fiz isso de uma maneira convencional”, ele nos diz. “Eu entrei nisso sabendo que eu tinha bom gosto – nunca fui inseguro sobre essa parte, mas apenas sendo jogado no fogo. Você tem que fazer muitas perguntas, ler muitos livros, e passa por muitos momentos de insegurança porque você está constantemente entre pessoas que fazem isso há muito tempo e que foram preparadas para fazer isso.”

O facto de eu conseguir ter conversas criativas e lidar com essas pessoas e ser aquele que une as pessoas – para mim isso é a melhor coisa de sempre. Gosto de ver as pessoas ultrapassar fronteiras, e estar envolvido nisso é ainda mais legal porque é como se mais tarde na vida eu fosse conseguir contar aos meus netos ou algo assim, ‘Eu estava lá. Eu ajudei nisso. Eu fiz isso.’

MÚSICAS QUE ESTOU OUVINDO
Larry June – Meet Me In Napa

Larry June mais uma vez, eu sou um cara simples…

Bradock Dan & Victor Henry – Faz Parte da Subida

Esse tweet resumiu perfeitamente sobre o que é as músicas do Dan. Ótimo EP de estreia. “Trajeto” e “Deixa Eles Achar” são minhas favoritas (eu gosto muito das músicas lado B dos projetos).

Alee – Dias Antes do Caos

Não sei porquê ainda não tinha falado desse álbum aqui, mas sempre tem várias músicas presentes na Radio Cosmopolita. Sou fã declarado do Alee, não vejo a hora de ter um feat dele com o Vino. Destaque pra Panther, Surf e Pente Longo.

Duquesa – Taurus vol. 2

Acompanhei esse projeto internamente por trabalhar na gravadora e ouvi várias guias, mas fiquei tão surpreso quanto todos depois de ouvir pronto. A Duq é inevitável. Gosto muito da Big D pt 2, a com o Dex, a com as gêmeas e a com a Urias.

A$ap Rocky – AT.LONG.LAST.A$AP

Tenho um grande carinho por esse disco, me lembra uma época boa de adolescente sonhador, lembrei dele esses dias e tenho ouvido de novo. Destaque pra Holy Ghost, Fine Whine, Eletric Body e M’$.

COISAS QUE ESTOU ASSISTINDO
CB Profile – Lucas Santos

Muito feliz e orgulhoso de apresentar mais um projeto pra vocês. O Cosmopolitan Boys ‘Profile’ tem o intuito de fazer uma espécie de entrevista (do nosso jeito) com pessoas criativas e importantes culturalmente, que talvez não falariam em nenhum outro lugar. Não tinha pessoa que se encaixa melhor nessa descrição do que o Lucas. Ele é meu amigo de longa-data e muito importante na minha vida. É muito legal conseguir ‘encapsular’ esse exato momento/época com um material assim, acho que isso vai ter uma grande importância no futuro. Não é um conteúdo pensando em viralizar, em métricas de redes sociais e nada do tipo, é apenas sobre relevância cultural e comunidade, essa é minha métrica.

Guerra Civil

Fui no cinema ver esse e gostei bastante, a princípio não sabia que girava em torno de fotografia e isso deixou mais interessante pra mim. O Wagner Moura é bem foda. Bem doido pensar na fotografia documental como profissão de risco tanto quanto outras.

Elevator Music

Canal legal de DJ sets e performances que se passa literalmente dentro de um elevador. Esse em específico é do Zack Fox, ele é maneirinho, as vezes maluco demais pro meu gosto, mas no geral é dahora. Ele faz música também, gosto bastante dessa e sempre toco nos meus sets.

How to Create More & Consume Less in 2024

Mais uma vez conteúdo meio de nerd, mas tem um conceito que me chamou muita atenção nesse vídeo. Ele fala da diferença de encarar as coisas de uma perspectiva de ‘curador’ ao invés de ‘consumidor’ e isso virou uma chave na minha cabeça. Fazer uma curadoria com mais cautela e calma dos conteúdos que consumimos é muito mais saudável do que um consumo desenfreado.

TWEETS DA SEMANA

Preciso correr pra fazer o post do quadro novo. Realmente prefiro escrever isso no sábado e mandar domingo bem cedo, mas não é sempre que dá. Fica como a leitura de ir pro trampo na segunda-feira. Ótima semana pra vocês e continuem atentos sobre a situação do Rio Grande do Sul ajudando como puderem, está longe de acabar. Link com informações de ajuda centralizadas.

OUTRAS EDIÇÕES:

CB Sunday Snippets #001

CB Sunday Snippets #002

CB Sunday Snippets #003

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