Boaventura e a construção do caminho após Magia
O rapper Boaventura, depois do lançamento de Magia, reformulou a própria visão de trabalho e consolidou um repertório que dialoga com território, fé e maturidade artística.
O disco amplia a identidade construída desde Abracadabra, mas com outro grau de entendimento sobre si mesmo e sobre o que significa representar a própria realidade sem filtrar as tensões, os medos e as ambições que atravessam a vida de um artista da periferia.
Na conversa, Boaventura revisita esse processo, fala sobre solidão, estética, direção, fé e os próximos passos depois de um álbum que mudou sua trajetória por dentro. Confira a matéria completa abaixo.

NOTTHESAMO: Passado alguns meses do seu álbum, desde então, o que mudou?
BOAVENTURA: Fico muito feliz em ver que meu álbum alcançou e ultrapassou minhas expectativas. Ele mudou principalmente a parte conceitual da minha carreira. Eu já tenho outros álbuns, mas sinto que este especificamente me trouxe mais maturidade.
NTS: O que você buscou sintetizar com seu primeiro álbum da carreira? Qual foi o conceito inicial por trás de “Magia”?
B: No meu primeiro álbum, “Abracadabra”, eu busquei trazer uma introdução à minha carreira. A palavra abracadabra é a junção de duas palavras em hebraico e significa “Eu crio enquanto falo” ou “Criarei conforme falo”.
Em Magia, busquei trazer a imagem do deserto, principalmente por causa da solidão que um garoto de periferia pode sentir enfrentando diversos problemas. A pirâmide sendo a minha favela, eu busquei trazer a ideia de “refúgio”.
NTS: Qual faixa de “Magia” você acha que representa mais quem você é?

B: “Ruas do Corre”, por ser um sentimento genuíno, contém frases que vieram de orações.
NTS: Quais foram suas referências enquanto construía esse projeto? Algo mudou em comparação com seus trabalhos anteriores?
B: Acho que vai além de pessoas ou projetos. Eu quis colocar a minha realidade, o que eu vejo, toco, sinto. Mudou porque hoje me sinto muito mais maduro e capacitado para trazer não só músicas sobre coisas fúteis, mas também músicas que compactuam com a realidade de quem escuta.
NTS: Qual seria o próximo passo para você depois de “Magia”?
B: Ambição.

NTS: Em “Maior Sonho, Magia”, segundo os créditos do clipe, você participou da direção artística. Qual a importância de construir a estética visual junto com a sonoridade?
B: Além da criação da música, ajudar na direção tem uma grande importância, principalmente porque quanto mais o artista participa da sua arte, mas ele entrega não só sonoridade, mas também estética.
NTS: Se pudesse dar uma dica para qualquer pessoa, o que seria?
B: Tenha fé, porque se o dinheiro não aceita desaforo, a fé não aceita dúvidas
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