The Alchemist: meia década e mais de 2000 faixas

A última década funciona quase como um documento involuntário do que o rap americano se tornou. Se existe uma linha que atravessa o underground, o mainstream independente e a reconstrução estética que marcou os anos 2020, essa linha inevitavelmente passa por The Alchemist. São - até então - mais de 2000 faixas produzidas e lançadas, onde desde os anos 2000, o que se vê é um mapa que coloca Alchemist como eixo central do que faz o rap girar mundialmente.

2020

O início da década marca a consolidação de um Alchemist que já não precisa provar nada a ninguém, com uma trajetória já consolidada, o produtor deu partida a uma década - muito - produtiva. Seu ano abre com The Price of Tea in China, ao lado de Boldy James, reforçando um modelo de colaboração que se tornaria padrão. O impacto desse disco reorganizou o que seria produzido dali em diante, influenciando o renascimento do rap com um clima austero, em plena pandemia, influenciando também Freddie Gibbs. Ainda em 2020, ele lança Alfredo com Freddie Gibbs, um dos trabalhos mais celebrados desse e dos próximos anos. É também o período em que percebemos como Alchemist transformou o “álbum colaborativo” em um gênero próprio.

2021

Em 2021, Alchemist trabalha com Armand Hammer em Haram, um disco experimental que desafia estrutura, explorando temas como a vida na América, masculinidade e poder, com participações de artistas como Earl Sweatshirt, Quelle Chris e outros. Em Bo Jackson, retorna à parceria anual com Boldy James, e os dois consolidam um dos vínculos mais produtivos da década. Esse ano marca também os 12 meses com mais produções da década, sendo 76 músicas assinadas durante esse tempo.

2022

O ano em que Alchemist ultrapassa os limites da sua própria fórmula, lançando o projeto Continuance com Curren$y, que havia colaborado já no ano de 2011, e agora 11 anos depois, mostrando que consegue operar com MCs de universos distintos sem perder identidade. Ele também se torna figura definitiva no mercado dos EPs colaborativos, com formatos curtos, diretos e extremamente funcionais. Em 2022, sua produção se espalha, sendo agora referenciada por artistas de todo o espectro.

2023

Ele lança The Great Escape com Larry June, fazendo parte agora do universo singular criado pelo rapper, no que viria a ser seu álbum disruptivo Ao mesmo tempo, segue produzindo MCs como Earl Sweatshirt e Evidence, e a constância de lançamentos passa a considerada comum, onde nenhum produtor com mais de duas décadas de carreira mantém relevância com esse volume. O ano de 2023 inclusive marca números próximos de 2021, com 72 músicas produzidas.

2024

No ano seguinte continua colaborando com Boldy, Curren$y, Earl e Gibbs, mas também abre espaço para jovens MCs que cresceram consumindo sua estética. É o período em que sua figura deixa de ser apenas a de um produtor clássico do rap para se tornar blueprint de como sustentar longevidade sem se repetir.

2025

A década chega no ponto em que The Alchemist consolida aquilo que vinha construindo desde 2020. Alfredo 2, seu reencontro com Freddie Gibbs, reafirma a parceria como uma das mais consistentes do rap contemporâneo.O lançamento vem acompanhado de algo que demonstra, mais do que aclamação, reconhecimento institucional. As indicações ao Grammy consolidam o impacto desses 5 anos de 369 músicas.