O “efeito Michael Jordan” – sua influência no streetwear e na NBA

O maior de todos os tempos em quadra era também um ícone de estilo fora dela. Jordan deu origem ao status do sportswear, elevando-o e tornando-o muito desejável. Ele foi o influenciador original, estabelecendo um precedente para estrelas do esporte comercializarem seu bem mais precioso – seu rosto – em uma marca.

Uma de suas assinaturas, o terno oversized, hoje existe como um dos itens mais cobiçados. “Eu sou um cara de ternos. Tenho de 100 a 150 deles”, ele disse à GQ em uma entrevista nos anos 90. Claro que apenas usar ternos não era o interessante – e sim, como os usava. “O que Michael fez, ele começou a usar esses lindos ternos italianos, mas eles eram modificados. Ele os modificava não apenas para ajustar, mas também brincava um pouco com a aparência e reestruturava um terno Armani para que caísse de maneira diferente.”, disse Tinker Hatfield, diretor criativo de design de produtos da Nike e o responsável pelo desenvolvimento do Air Jordan em 1999.

O basquete antes de Jordan era algo não relacionado à moda. Hatfield inclusive argumenta que os jogadores “eram muito mal vestidos” e atribui à Michael a mudança no estilo dos jogadores, chamando-a de “efeito Michael Jordan”. “Ele realmente começou a se arrumar tão bem e fez isso de uma maneira elegante que era realmente atraente para outros atletas”, acrescenta. Os ternos usados por ele em entrevistas coletivas pós-jogo abalaram toda a concepção da NBA em torno de códigos de vestimenta de jogadores. Inclusive, seu amor por shorts extremamente largos inspirou toda a liga a abandonar os shorts curtos em que jogavam há anos, criando o que agora definimos como “shorts de basquete”.

Seu alfaiate de Chicago, Alfonso Burdi, fez a maioria de suas roupas sob medida. O relacionamento dos dois começou quando o surpreenderam com um protótipo de terno sob medida: “calças largas, paletós extra longos e extra cheios”, como se fossem o ajustar. Mas Michael adorou sua amplitude e acabou encomendando mais 13 no mesmo dia – todos cortados grandes. Seus ternos permaneceram grandes, com calças cortadas largas para acomodar suas pernas arqueadas – elas caíam de forma extremamente reta em seus 1,98m.

De certa forma, ele também desafiava as normas de gênero. Seu gosto por drapery decorria de seu gosto por esconder seu corpo magro por trás de roupas que se ajustavam. Juntamente com seus ternos e shorts largos, havia também jeans bootcut, blazers de couro grandes e calças cargo. Regatas faziam parte do seu outfit de treino, além de, claro, oferecerem um visual de gangster. Além disso, suas escolhas na moda se encaixavam com sua confiança – ele usava com orgulho o que queria mas era rigorosamente impecável. Numa mistura de atitude e elegância, talvez essa fusão entre streetwear e alta costura que define o movimento da moda de hoje.

Quando Jordan começou a jogar na liga, os regulamentos estipulavam que apenas tênis genéricos fornecidos por ela poderiam ser usados – eram eles os Chuck Taylors – e que só poderiam ser brancos. E não demorou muito para o Air Jordan vir à tona.

Projetado em colaboração com a Nike, nas cores dos Bulls – vermelho, branco e preto -, Jordan os usava em cada jogo, apesar das regras da NBA. E claro, em cada jogo, ele recebia uma multa de U$5.000, que a Nike mesmo pagaria – sua melhor forma de publicidade. O império Air Jordan, agora estimado em 3.6 bilhões de dólares, mudou completamente a forma como os jogadores se comercializam, alterando todo esse mundo de roupas esportivas. Por fim, ele não apenas mostrou seu talento em quadras, mas moldou a maneira como os jogadores se vestem hoje, em todos os esportes – dentro e fora da quadra.

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