Cosmopolitan Boys Sunday Snippets #003

Cosmopolitan Boys é uma página de lifestyle e um movimento urbano que retrata a vida dos garotos da cidade. Criado por @reisceo, o Sunday Snippet será uma coluna semanal em nosso site. As indicações são coletadas e reunidas durante a semana e trazidas aqui. Como uma newsletter, livros, filmes, músicas, entrevistas e todo um apanhado de coisas interessantes serão passadas para frente, como forma de recomendação e futuras referências para todos.

28/04/2024, Domingo, 09:36 @ Centro, São Paulo.

Depois de umas semanas no departamento médico, o meio-campista está de volta. E eu não viria sem novidades boas, agora também somos uma coluna semanal no site do NOTTHESAMO (toma). Então eu sei que vai chegar em pessoas que devem estar um pouco confusas sobre o que é isso, mas não se preocupem, vocês vão pegar o jeito rápido (e eu também estou descobrindo, sem pressão).

Em resumo: a semana passa, eu trabalho, ando por aí, converso com pessoas, assisto coisas, penso pensamentos, tudo isso de fone procurando a trilha sonora perfeita. E aí faço uma curadoria das coisas mais interessantes que consumi pra escrever sobre por aqui. Essa já é a terceira edição (o link das outras duas vai estar no final) espero que vocês gostem.

* Cada tópico está dissecado um pouco mais. Clique nas setas e/ou nos links.

COISAS QUE ESTOU LENDO
Rhuigi Villaseñor has earned it

O artigo é meio antigo e já está desatualizado, o Rhuigi nem está mais como diretor criativo da Bally, mas a entrevista é legal e simbólica: um imigrante filipino que construiu um império na América, mudou a vida de toda a família e foi contratado como diretor de uma marca suíça com mais de 170 anos de história. Gosto dessa filosofia dele de querer criar um ‘novo luxo’, que converse mais com o jovem atual. Além de ser viciado em Jay-Z e Aperol Spritz. Um verdadeiro Cosmopolita.

Dilla Time

Tenho lido muito menos do que gostaria ultimamente e pra ser sincero esse livro eu parei na metade há alguns meses, era o livro que eu usava pra ler antes de dormir. Mas o que me fez lembrar dele na verdade foi o livro do Questlove que eu tenho comentado nos últimos Newsletters. Chegou o momento (inevitável) que o Questlove começa a falar sobre o J Dilla, sobre como o conheceu, histórias deles juntos e etc. E o que mais me chama atenção é a forma como falam dele, tanto nesse caso em específico do Quest no seu livro, quanto na biografia do Dilla. É a mesma energia que eu sinto quando falam do Virgil. Um mano que tinha uma aura diferente, que sempre estava lá, que já era uma lenda, mas estava interessado em aprender com todos. Pra exemplificar meu ponto, uma aspa do Quest:

Dilla inverteu o circuito. Ele faz todos ao seu redor sentirem que ele estava genuinamente admirado com quem eles eram como pessoa e artista. Ele não só conseguia reconhecer que estava dando energia criativa a você, mas se comportava como se você estivesse dando energia a ele. De forma sincera ou estratégico, isso inverteu o circuito. De alguma forma, isso o fez jovem novamente, fez você mais velho, mas também fez você questionar toda a hierarquia. Foi, à sua maneira, extremamente legal e extremamente motivacional.

E talvez esse seja um dos maiores legados que um criativo pode deixar: a forma como falam dele, a forma que ele impactou a vida de outros criativos (que também impactam a vida de terceiros). E vira esse maravilhoso ciclo que te faz sempre cavar mais fundo. Isso é muito Hip-Hop.

Ali Abdaal Journal Prompts

Também já comentei sobre o livro do Ali em um Newsletter e essa semana eu lembrei de um dos exercícios que ele propõe em relação à escrita. Escrever tem mudado completamente minha vida nos últimos anos, eu mantenho um diário que tenho levado de maneira bem séria e disciplinada e isso me ajuda muito a organizar meus pensamentos e constantemente realinhar a rota da minha vida. No seu livro o Ali propõe vários “prompts” pra guiar a sua escrita e incentivar a refletir sobre sua vida, fiz uma seleção dos que eu acho mais interessantes:

  • O que eu genuinamente faria se o dinheiro não fosse uma questão?
  • O que eu gostaria que as pessoas dissessem no meu funeral?
  • Se eu repetir as minhas ações da última semana por 10 anos, pra onde isso vai me levar? É para onde eu quero ir?
  • Como minha vida seria em 5 anos se eu continuasse no mesmo caminho? Como minha vida seria em 5 anos se eu seguisse um caminho completamente diferente a partir de hoje? Como minha vida seria em 5 anos se eu seguisse um caminho no qual eu não ligasse pra dinheiro e para opinião alheia?
Cérebro funciona em ciclos de 90 minutos

Vi em algum lugar que o nosso cérebro funciona em ciclos de 90 minutos. Já sabia de algo sobre isso relacionado ao sono, que temos ciclos de 90 minutos durante o sono e que quando acordamos parecendo que fomos atropelados é porque provavelmente um ciclo foi interrompido. Mas aparentemente serve pra qualquer atividade e realmente fez uma diferença quando comecei a abordar as coisas desse jeito. Coincidentemente ou não, é a duração de uma partida de futebol e a minha teoria da relação entre atletas/criativos ganha mais uma evidência.

Aspas MB

Não é exatamente um tópico sobre leitura, mas acho que ele se encaixa melhor aqui, porque pra mim é como se fosse. Essa semana comecei a participar de alguns projetos envolvendo o Mano Brown. E eu nem sei como explicar pra vocês a importância da última frase que eu digitei, mas basicamente se não fosse ele eu não seria quem eu sou hoje (e pra mim ele o Jay Z são os dois melhores rappers de todos os tempos).

Tive meu primeiro contato com Racionais na infância, eu tinha um Discman que me acompanhava durante as viagens de carro com meus pais e em alguma das paradas em postos de gasolina, eu pedi pro meu pai comprar o CD pirata do Sobrevivendo no Inferno (me desculpem, mas não vai ter hyperlink pra nada nesse tópico, é sua obrigação conhecer tudo isso). E depois de ouvir Jorge da Capadócia, sou surpreendido com a voz mais forte que eu tinha ouvido dizendo:

“Deus fez o mar, as árvore, as criança, o amor

O homem me deu a favela, o crack, a trairagem, as arma, as bebida, as puta

Eu?! Eu tenho uma Bíblia velha, uma pistola automática e um sentimento de revolta

Eu tô tentando sobreviver no inferno”

E o mlk de Rondônia nunca mais foi o mesmo.

Enfim, só contextualizando isso pra dizer a importância do que cada coisa que ele diz tem pra mim. E no meio das anotações dessas reuniões na semana, uma frase dele se destacou. Ele perguntou pra uma moça da área de marketing (sabendo a resposta):

“O que faz vender mais: a arte ou o esporte?”

E ela respondeu ‘a arte’ sabendo que ele sabia a resposta. E eu dei um sorrisinho de lado depois de anotar. É um questionamento simples, mas o que ele tava querendo abordar na verdade é a importância da conexão provocada pela arte, a importância das histórias. Tipo a importância que o Racionais tem pra mim.

E nasce mais um capítulo da minha teoria criativo/atleta.

MÚSICAS QUE ESTOU OUVINDO
Casiopea

Banda de jazz japonesa que faz música desde a década de 70. Não sei muito mais do que isso sobre eles e realmente não lembro como eu achei, mas o que me chamou atenção de primeira foram as capas extremamente lindas. Tem sido a minha trilha sonora pra quando preciso me concentrar.

Radio Cosmopolita

Aproveitando as pessoas novas que estão lendo isso pra divulgar que temos uma playlist. O conceito é simples: coloque no aleatório e vai fazer suas coisas. São 50 músicas sem gênero ou época específicas. Semanalmente eu atualizo umas 10-20 e mensalmente a ideia é trocar praticamente todas, salve as que você gostar.

Nagalli – The Magic Show

Conheci o Nagalli antes dele ser o “mágico”, o começo dele foi meio que o meu também. Tinha um grupo de produtores criado pelo The Boy uns 7 anos atrás. O Nagalli tava nesse grupo; o Trentin (calm down trentin) tava nesse grupo; o Miguel tava nesse grupo. E foi assim que conheci todos eles. Todos seguiram seus caminhos e conquistaram suas paradas.

O Naga em específico criou a Supernova com outros manos e mudaram suas vidas e tem mudado a cena do trap, muito foda ver ele conseguir lançar esse disco de produtor tanto tempo e esforço depois.

Destaque pra música com o Leall, um dos melhores letristas dessa geração.

Danzo – A Peça Final

É o Danzo. Participei de tudo relacionado à essa mixtape, desde a escolha das faixas até a capa e tem um valor sentimental forte.

Destaque pra segunda metade que é a minha parte favorita, o Danzo ainda não tem dimensão de que ele tá criando um subgênero que só ele faz. Misturando funk paulista, mineiro, drill e trap (brasilsilsil).

Rushy – Koko Crazy

Mais um ascendente da nova geração de UK, o país mais prolífico culturalmente junto com o Brasil atualmente. Faz um drill mais calmo e com samples de Jazz, tipo o Knucks e o Blanco.

COISAS QUE ESTOU ASSISTINDO
Entrevistas Montell Fish

Recentemente precisei fazer um trabalho mais documental envolvendo entrevista e o Montell Fish foi uma das minha maiores referências. Em resumo ele é um artista independente que além das músicas, posta vários conteúdos diferentes no canal do youtube, incluindo entrevistas com o Daniel Caesar e o Lil Yatchy. São conversas sobre a vida e assuntos mais profundos.

Lil Wayne The Carter Doc.

Por algum motivo lembrei desse documentário que fez parte do começo da minha adolescência e ele tem toda uma mística de ser meio proibido e difícil de encontrar. Eu só achei em um link horrível no Stremio que demorou uns 20 min pra carregar, mas é possível, dê seu jeito. Eu tinha uns 13 anos e tinha acabado de chegar em casa a tecnologia da TV a cabo e poder gravar a programação dos canais. Eu enchia a memória com tudo que podia ser encontrado de rap: VH1, Canal Bis, MTV, On The Run Tour, shows do Asap Rocky em teatro que eu nunca mais consegui encontrar, documentários, Kanye West no MTV Awards de 2015 e etc. E o melhor: tudo legendado. Era o meu paraíso e esse documentário do Lil Wayne eu vi muitas vezes e explodiu minha cabeça.

Ele tava no seu prime de doideira e era uma força criativa incontrolável, grava a todo momento, em qualquer lugar e sem escrever uma palavra. Mostrando a enormidade de drogas que ele consumia e contando histórias loucas da sua vida.

Clipes em película

Recentemente comecei a dirigir meus primeiros materiais usando 16mm e tenho essa playlist só de clipes em película como referência, que eu vou adicionando sempre que vejo um novo.

Jay Z Ultimate Hustle

Na busca pelo documentário do Lil Wayne, eu também comecei a procurar pelo Filme do Jay Z “Fade to Black” que também é difícil de achar (tem em uns sites de torrent clandestinos e no stremio). Mas no meio do caminho encontrei esse mais recente que subiram no youtube de forma clandestina também. Não tem nada demais e não chega perto do outro, mas é legalzinho.

Shooting $150 Instant Film Backstage At A Music Festival

Bem foda esse vídeo, o mano fotografando os bastidores do Dreamville festival com um formato curioso de Polaroid.

Studio Tour & Desk Setup 2024 – My Minimal Creative Space in Toronto

Adoro o conteúdo do Canoopsy, ele é de uma leva de novos criativos de Toronto que é bem foda. Estou sonhando em montar um escritório e esse vídeo com certeza vai ser uma grande referência.

Talking Watches With Ronnie Fieg, Founder Of Kith

Vídeo do Ronnie Fieg mostrando parte da sua coleção de relógios e o seu processo por trás do ato de colecionar. Ele é um dos manos que mais curto culturalmente e é legal essa filosofia de conectar relógios à momentos grandiosos da carreira/vida.

TWEETS DA SEMANA

Obrigado por ter lido até aqui, como prometido vou deixar o link das edições anteriores abaixo. Obrigado NOTTHESAMO pelo espaço, amo vocês. Em maio tem evento nosso, nos vemos pelo centro.

©2024, Acordamos e fazemos coisas, Cosmopolitan Boys.

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