A influência de Marc Jacobs na indústria da moda
Desde o início de sua jornada na moda nos anos 90, o icônico designer tem sido uma figura líder na definição de tendências e continua a se colocar no centro do zeitgeist cultural. Um pioneiro desde sempre, ele tem a incrível habilidade de antecipar qual será a próxima novidade. Mais do que prever tendências, ele as criou. Sua relação com artistas, modelos e cantores mudou a forma como coleções são feitas e alavancadas.
O INÍCIO
Nascido em Nova York, Marc arruma seu primeiro emprego aos 13 anos, como estoquista. Lá, conhece seu mentor Perry Ellis - futuro empregador e inspiração na moda -, que o aconselha a se matricular na Parsons School of Design, em 1981. Recebe o prêmio de ‘Estudante de Design do Ano’ da Parsons e também o ‘Chester Weingberg’ e ‘Perry Ellis Gold Thimble’.
Em 1988, ele é contratado como vice-presidente da divisão de moda feminina da Perry Ellis, onde ganhou reconhecimento por sua então revolucionária coleção “grunge”, que o custou sua demissão.
A COLEÇÃO CONTROVERSA PARA OS ANOS 90
Após 4 anos na Perry Ellis “educadamente” como designer, é então com seu desfile de Primavera/Verão que Jacobs presta homenagem à cena grunge de Seattle com a coleção icônica, que foi apresentada em 3 de novembro de 1992. Foi um momento decisivo e triunfal - Christy Turlington abrindo o desfile até Kristen McMenamy e Kate Moss encerrando com gorros combinando e camadas de tricôs e xadrez em tons pastel.
"É assim que as garotas bonitas se parecem hoje. Elas parecem um pouco indiferentes à moda."
O Women’s Wear Daily aclamou Marc Jacobs como o “guru do grunge”, mas o executivos da Perry Ellis não entenderam a proposta - pouco depois de receber o prêmio de Designer do Ano do CFDA em janeiro de 1993, Jacobs foi demitido pela Perry Ellis e a produção da coleção foi cancelada.
"Havia muito mais do que fazer camisas xadrezes e vestidos de seda fluídos", disse Jacobs em 2011. "Não era sobre isso. Era sobre uma sensibilidade e também sobre um descarte de tudo o que lhe diziam que era bonito, correto, glamoroso, sexy. Eu amei que isso representasse uma novidade. Acho que é assim que as pessoas se vestem agora. Acho que esse momento não passou. Ele se transformou em coisas diferentes, mas realmente não passou."
DIRETOR CRIATIVO DA LOUIS VUITTON
Desde 1984, Jacobs já havia estabelecido sua marca com Duffy - que já tinha sua linha própria apenas um ano depois. Mas é em 1997 que acontece a virada de chave em sua vida: Marc é nomeado diretor criativo da Louis Vuitton, um reinado que perdurou por 16 anos. Ele não apenas introduziu a primeira linha ready-to-wear da casa, como também fundiu perfeitamente arte com moda.
Colaborou com inúmeros artistas como Stephen Sprouse, Takashi Murakami e Richard Prince em acessórios que são altamente cobiçados até os dias de hoje.
O REI DAS COLABORAÇÕES
“Marc Jacobs é a pessoa que abriu Paris para as ruas.”. O lembrete em uma legenda de Ibn Jasper mostra como Marc, desde sempre, foi o diretor artístico mais prolífico da LV. Ele se consagrou como um inovador cultural nada convencional para a época.
Jacobs conseguiu entrelaçar inegavelmente bem a cultura das ruas, o rap e a arte e tomou as colaborações como algo comum - sentido e feito até hoje. Vinte anos atrás, a forma como o rap se expressava era em suas aparições - seja em shows ou em videoclipes. Era a forma de se consagrar como extravagante, entendendo essa linguagem e a alimentando.
Um dos principais percursores dando boas-vindas a rappers e líderes da cultura pop ao mundo da moda. Ele construiu uma ponte que trouxe a relação simbiótica entre a credibilidade das ruas e do rap e a moda. A amizade de Kanye e Marc é um bom exemplo disso. Por anos, Ye se nomeou “Don Louis Vuitton” e andava por aí com sua mochila da Louis Vuitton nas costas. O círculo se fechou alguns anos depois, quando Kanye teve a oportunidade de trabalhar ao lado de Jacobs, criando os tênis Kanye West x Louis Vuitton Don “Multi”, “Mr Hudson” e “Jasper”.
O mesmo aconteceu com Pharrell. Em 2007, ele e Nigo foram chamados por Marc para projetar os óculos de sol tão icônicos da Louis Vuitton, o “Millionaire”. Eles se tornaram um item essencial e bem cultivado por Pharrell, durante muitos anos. E não paramos por aqui, anos depois, Virgil relança a linha Millionaire, durante sua estreia como diretor criativo menswear da Louis Vuitton.
SUA INFLUÊNCIA
Seu relacionamento inabalável com as gerações em evolução o abençoou com uma capacidade inata de comunicar às pessoas o que elas querem vestir e como vestir. Sua influência em seus contemporâneos e sucessores inspirou gerações da moda que permeiam a história. Garantindo sua longevidade na moda com uma nova perspectiva sobre o passado, seu uso inabalável de tecido e cor, e sua intuição na moda sempre chocarão e impressionarão a indústria da moda.
O relacionamento com as personalidades importantes de cada geração transcendeu a novidade das passarelas e saltou para o mundo da alta moda conceitual. Suas coleções variaram de grunge a boho a chique de Nova York e sua habilidade eclética de se relacionar com o público teve um impacto duradouro na indústria da moda.