As novas páginas do diário de Yunk Vino
O projeto, tão aguardado pelos fãs, chega como sequência da sua outra mixtape, Meu Amigo Diário, Vol. 1, de 2023. A continuidade não se limita somente ao nome - seus sentimentos são compartilhados através das músicas, com melodias que variam de acordo com o que Yunk Vino deseja passar ao público.
A maturidade é um ponto importante para essa etapa - por enquanto concluída. Vino se mostra mais completo, com sonoridades diferentes e variadas e um corpo de trabalho consistente. Como o entorno influencia seu trabalho, o artista permanece trazendo o trap, fiel às suas raízes, mas sempre inovando a cada passo.
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Conversamos um pouco com Yunk Vino sobre seu novo projeto, suas aspirações e sobre esse novo momento em sua vida. Confira abaixo:
Com o M.A.D. 2 sendo a continuidade da sua mixtape que foi lançada ano passado, você sente que essa etapa se conclui? Ou é algo que você deseja seguir um caminho?
Até o momento, ela se conclui, mas acho que quem sabe daqui algum tempo, daqui alguns anos, não tem mais páginas do diário vindo?!
Você comenta sobre estar mais maduro dessa vez. Como você acha que seu processo criativo mudou, desde os outros projetos?
Bom, acho que estou mais crítico e mais chato pra fazer os meus trabalhos. Então, em relação ao meu processo criativo, acho que não to mais levando tanto no freestyle e sim fazendo com mais cuidado e tempo.
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As novas sonoridades são o que chamam atenção no M.A.D. 2. e você prioriza o trap e é conhecido por isso. Como você acha que se diferencia dos outros artistas do meio?
Acho que pela minha ousadia, não tenho medo de sair da minha zona de conforto e arriscar. Não consigo pensar em outra coisa, acho que é simples, talvez eu seja um pouco mais corajoso ou abusado.
Por serem músicas mais profundas e com temas intensos, como funciona a escolha do beat, da melodia, das rimas - ou seja, da construção da música num geral?
Depende bastante, eu tenho colaborado com vários produtores. Com alguns, eu tenho uma ideia de sonoridade específica e peço pra eles, com outros eu só colo no estúdio e a gente faz tudo meio ao vivo, as vezes eu recebo um pack de beats e me gravo em casa sozinho… Eu praticamente nunca escrevo, só deixo no repeat o beat que escolhi, fico experimentando flows em cima dele e depois substituo por palavras, então o assunto depende muito da vibe do momento que estou gravando.
Como vai ser daqui pra frente, em relação ao show novo? Como você pretende transferir a mixtape para o palco - seja em relação à repertório, performance?
Estou ansioso pra incluir as músicas novas e ver como a galera responde a elas ao vivo. Eu tento criar uma atmosfera no meu show e minha gig me ajuda bastante com isso através dos efeitos, guitarra, sintetizador e etc… Só quem já foi sabe, a experiência de ouvir as músicas ao vivo é bem diferente de ouvir no fone e a gente vai montar algo especial para as músicas novas. Claro que o show não vai ser só de MAD 2, meu repertório é bem grande e tem muitas músicas importantes para mim e para o público que não pode ficar de fora. Acho que no palco eu me sinto o Vino de 15 anos que era do rock and roll.
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Desde os nomes das músicas, os visualizers a capa, como o conceito da mixtape é amarrado? E, estando por trás do processo criativo, como você acha que M.A.D. 2 se coloca num lugar diferente dos outros projetos da cena atualmente?
(Caio Reis, diretor criativo) A ideia do Vino para a série ‘M.A.D’ é tratar as músicas como se fossem as páginas de seu diário. Como se pra ele o ato de escrever fosse entrar no estúdio, apagar as luzes e ver onde sua criatividade pode levar. Às vezes tratando assuntos mais banais e divertidos, as vezes mais sérios e densos, assim como é a vida. Então sugeri nos apropriarmos dessa temática também na parte visual e fizéssemos algo mais documental e sensível, com a cara de ‘work in progress’, filmando e fotografando todos os materiais em película e seguindo com a representação do estúdio, do processo criativo, dos ‘camps’ que ele costuma fazer para produzir e etc. Acho que parte de um lugar de bastante honestidade e coragem, além de realmente criar uma atmosfera. Honestidade para falar de coisas mais intimistas e coragem para experimentar e se desafiar. A gente brinca que ele está fazendo ‘trap de mensagem’, que por trás de toda a vibe e do ‘mumble’, desde o primeiro volume ele está aprimorando a escrita e também falando de coisas mais sérias, com mais técnica.
Fotos: Caio Reis, Bruno Gordilho e Fernando Mendes