Cajá desfila na Casa de Criadores pela primeira vez

23 de jul. de 2018

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Em seu primeiro desfile na Casa de Criadores, a brasileira Cajá levará consigo em ‘Conexões’ diferentes influências que vão desde o resgate ao tradicional handmade, até o streetwear através de uma mistura de texturas, cores, resistência e força feminina.
 
A Cajá nasceu da vontade de Gabriela Cajado, 22, de unir referências substancialmente brasileiras ao contexto no qual vive. O ‘feito à mão’ sempre esteve em suas raízes. O sobrenome veio por parte de sua mãe, que o recebeu de sua avó, e traz consigo uma herança de força e protagonismo feminino vindos da cidade de Salvador. O ‘Cajá’ nomeia também a fruta do nordeste, nascida do cajazeiro. Como fruto dessa identidade, germina a técnica da tecelagem, essencialmente orgânica. Quando inserida no cenário urbano, mescla-se ao streetwear. Na Cajá a tecnologia e a praticidade da cidade unem-se a uma identidade brasileira e local. “Pra mim é muito importante ter referências brasileiras. É claro que consumimos muito material de fora, porque é nossa vivência, mas é por isso que sempre procuro consumir coisas locais, percebendo um outro olhar do Brasil”, conta Gabriela.
 
Desde pequena, Gabriela começou a desenhar a familiarizar-se com o universo da moda, onde encontrou um propósito e um meio de expressão. Enquanto estudava Moda, pôde desenvolver uma identidade para seu projeto, a Cajá, e transformá-lo em uma plataforma de conexões e trocas de experiências, feitas principalmente através da co-criação de diferentes mulheres, que trabalham sob diferentes olhares, juntas. Gabriela conta que “olhava em volta e não acontecia essa identificação. Então isso surgiu para como um estímulo para abrir um espaço. Abrir pontes e criar oportunidades para essas mulheres criarem”.
 
Ao receber o convite para a Casa de Criadores, Gabriela desenvolveu, junto com toda sua equipe, ‘Conexões’. A coleção não nasce a partir de um tema específico, nem conta uma história com começo, meio e fim. O desfile abre um precedente do que é essencial à marca. ‘Conectar’ é um dos pilares da Cajá, faz parte de sua identidade. Ao unir a potência de diferentes artistas, diversas vozes femininas horizontalizam o processo de criação. “É sobre não perpetuar o sistema da maneira como ele é e sempre foi” diz Gabriela.
 
A Cajá conta histórias de diferentes mulheres, em diferentes contextos, trazendo formas e recortes totalmente plurais ao desfile. Mas a força dessas mulheres é o que elas têm de substancial. O casting também traduz o ideal de se trazer identidade e personalidade de cada uma ao desfile, sob o pretexto de diferentes corpos. “A Cajá está em um processo de estudar esses corpos. Não quero que seja uma surpresa ver tudo aquilo que foge do padrão na passarela. São outras formas de entender o corpo feminino”.
 
A marca também carrega um resgate a referências tradicionalmente latinas, de outras épocas, reproduzindo um significado mais amplo e menos efêmero. A questão slow também é essencial ao processo de criação. “Vivemos em um contexto totalmente fast fashion, é tudo muito rápido. Mas eu acredito que é possível caminhar em paralelo ao consumo mais consciente. Esquecemos que somos responsáveis por isso. Se não nos questionarmos em relação a quem fez nossas roupas e como elas custaram, nada vai mudar”, diz Gabriela.
 
O desfile da Cajá acontecerá nesta segunda-feira (23) na 43ª edição da Casa de Criadores, no MAC USP (Av. Pedro Alvares Cabral, 1301) a partir das 20h30.
 
Confira abaixo as fotos da campanha ‘Conexões’, da Cajá para a Casa de Criadores:


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Ficha Técnica
Modelos: Jessica Costa e Carolina Dommingos
Fotos: Takeuchiss
Styling: Gabriela Monteiro
Set Design: Gabriela Monteiro e Marina Lima
Beleza: Mika Safro
Assistência: Julia Carvalho