Ed Hardy By Matuê

10 de dez. de 2025

-

Nascida do encontro do artista com a marca clássica, a colaboração se destaca pelos processos singulares que transcendem o tempo. Mergulhando no arquivo da Don Ed Hardy, dos desenhos feitos nos guardanapos aos rascunhos analógicos, Matuê se conecta com uma energia sólida e criativa.

A coleção transforma registros pessoais em roupas, que apresentam tanto a história da marca quanto a trajetória e identidade do Matuê. Fora dos palcos, essa relação ganha força no aspecto de sobrevivência e sobre desafiar o sistema. Além disso, a collab marca também, as influências do punk que aparecem não somente na estética, como também na atitude de assumir o controle da própria narrativa e construir um universo criativo sem depender de validações externas.

Conversamos com Matuê sobre as etapas criativas da colaboração, seu relacionamento com a estética da Ed Hardy e o que esse lançamento representa para o atual momento da moda no rap brasileiro. Confira a matéria completa abaixo:

NOTTHESAMO: Como foi para você mergulhar no arquivo exclusivo e original do Don Ed Hardy, com desenhos feitos em guardanapo, papel comum e rascunhos analógicos, e transformar isso em uma coleção que carrega a sua identidade?

Matuê: Me senti conectado com a energia e com o momento em que aqueles desenhos foram criados, assim como quando eu faço minha música e são criados “rascunhos” dessas músicas. Senti essa semelhança do processo quando vi pela primeira vez esses materiais, juntamente com a liberdade de poder transformar isso em algo que carregasse também a minha identidade. Isso me gerou um sentimento de semelhança entre a história que a Ed Hardy construiu e a história que eu estou construindo.

NTS: Você já tinha uma relação com a estética da Ed Hardy desde a era de “Máquina do Tempo”, mas, como de fato a marca conversa com quem é o Matuê fora dos palcos?

M: Acredito que, fora dos palcos, assim como a história do Don, nasce do mesmo terreno de sobreviver, afirmar identidade e desafiar o sistema.

NTS: A Ed Hardy tem uma raiz muito forte no rock, no punk e na cultura tattoo. Quais elementos desse universo você mais quis puxar para dentro da sua visão estética?

M: Acredito que o punk, na atitude, postura e comportamento, é o que conversa de forma natural com a estética da Ed Hardy. O punk é sobre fazer você mesmo, controle do que eu trago como estética, controle da minha narrativa e criação do meu próprio mundo sonoro, sem esperar validação de ninguém.

NTS: De forma generalizada, o que essa colaboração diz sobre o momento atual da moda dentro do rap brasileiro?

M: Funciona como um termômetro cultural do que está acontecendo agora. Acredito que a moda e o rap do Brasil entraram na era do “Construir com a Alma”: é o barulho, o simbolismo, o exagero, junto com uma construção cheia de significados. Minha ideia não é mostrar só moda, é criar vínculo com a identidade da geração.

Editora chefe

Editora chefe