Cosmopolitan Boys Sunday Snippets #006
Foto de capa por Jean-Pierre Laffont - ‘Ali vs Frazier’, 1971.
26/05/2024, Domingo, 00:16 @ Centro, São Paulo.
Antes de qualquer coisa quero agradecer pela repercussão positiva do nosso novo quadro ‘CB Profile’ (aqui, caso você não tenha visto). Confesso que fiquei extremamente surpreso e não esperava tanta comoção. E agradecer também por termos chegado aos 1k de seguidores no Instagram do projeto, mas isso é menos importante. Sempre digo que o meu compromisso é com o impacto cultural, números também são legais e querem dizer algo, mas no fim das contas o que conta é a relevância e é isso que busco.
Tenho tentado diminuir o ritmo um pouco de tudo, minha batalha atual é com a minha saúde e eu tenho perdido na maioria das vezes, mas acredito que tudo vai se acertar. Recentemente também entrei numa nostalgia de rever conteúdos que me ensinaram bastante sobre hip-hop, streetwear e cultura como um todo, vou tentar trazer um pouco disso nessa semana e nas próximas.
*Cada tópico está dissecado um pouco mais. Clique nas setas e/ou nos links.
COISAS QUE ESTOU LENDO
Esbarrei com essa entrevista (que eu acho que é de 2016) enquanto pesquisava por outras coisas. É bem curta e despretensiosa, mas é interessante pra entender um pouco sobre o contexto da época. Pharrell tinha 36 anos, estava colaborando com a Louis Vuitton no desenvolvimento de óculos e joias e fala um pouco sobre sua carreira, suas colaborações musicais, sua visão de design e suas ambições futuras. Menciona como estava ajudando Kanye West junto com o Nigo na Pastelle (!). E também fala sobre seu desejo de abrir escolas para crianças talentosas e carentes e sua colaboração com a Fundação Microsoft. Separei e traduzi alguns trechos:
Em 2003, estimava-se que Pharrell Williams era responsável por uma em cada cinco músicas tocadas no rádio britânico.
XC: Então, por que você mora em Miami? PW: Simples. Os três Ws: a água, o clima, as mulheres (water, weather and woman). Mas, na verdade, passei apenas dois dias em casa este ano. E um em Virginia Beach quando passei por lá em turnê.
XC: Você compra arte? PW: Sim, ocasionalmente. Tenho uma ótima pintura de Keith Haring de uma nave espacial que penduro em casa em Miami. E tenho um Pomodoro; possuo alguns desses trabalhos. Mas eu realmente gosto do Kaws. Ele provavelmente fez 90% da arte da casa. Ele está fazendo uma enorme escultura para mim agora.
XC: Bem, já que estamos falando de Richard Prince, vamos falar sobre apropriação, ou como dizemos na música, samples. Você não parece usar nenhum sample em seu trabalho. PW: Não, o que eu faço é escutar discos antigos e procuro as progressões de acordes e as linhas de baixo e coisas assim. Eu trato minha música como um designer faz. Você sabe, eles vão a brechós, eles não vão necessariamente copiar algo diretamente, eles estão olhando para o corte e então olhando para as cores, olhando para as texturas. É a sensação da coisa que você então reinterpreta na música ou nas roupas. Para mim, isso é legal.
XC: Vejo algumas semelhanças entre você e Kanye West. Como vocês dois possivelmente alcançaram tudo que podiam na música e estão descobrindo novas paixões. Ouvi dizer que você está ajudando ele em sua marca Pastelle. PW: Sim, eu e Nigo estamos ajudando ele com o lado empresarial das coisas, dando a ele conselhos sobre produção e marketing. Quer dizer, o que no mundo pode ser melhor do que desenhar suas próprias roupas? Você não gostaria? Quem não gostaria?
PW: Sim. Bem, sabe de uma coisa, eu apenas estive relaxando. Eu não estive indo a lugar nenhum. Esse era o velho eu. [canta] “Dê uma olhada em mim agora...” Agora eu realmente estou, eu estou apenas na minha onda Batman, quero dizer, minha onda Bruce Wayne. Veja, aquele era o velho eu. Naquela época eu sentia que tinha muito a provar. Mas agora eu sou apenas quem eu sou, o verdadeiro eu fazendo o que amo. Eu sou o Discovery Channel, o History Channel, eu sou todas essas coisas. E eu quero experimentar muito mais educação do que o velho eu. Eu preciso aprender. Agora é a hora de ser mais introvertido. Essa é a nova versão de mim.
Descobri esse site essa semana e tem sido bastante útil. Trata-se de um site de turismo, mas que faz uma abordagem cultural bem completa, conectando com pessoas locais dos países e trazendo informações relevantes. Tem vários guias e temas sobre as principais metrópoles do mundo. Nas palavras deles:
Trippin é alimentada por uma comunidade global de vozes diversas que estão moldando a paisagem cultural de hoje. Somos uma plataforma independente que conecta viagens, cultura e criatividade como nunca antes. Colaborando com nossa comunidade para descobrir histórias que são encontradas na interseção de fronteiras sociais e culturais. Combinando guias e experiências com podcasts, filmes e a palavra escrita para criar um ecossistema que empodera as pessoas a viajar de forma mais consciente. Trata-se de promover a criatividade global, mapear cenas subterrâneas, desvendar mosaicos culturais e conectar culturas em todo o mundo - tudo através dos olhos dos locais.
O artigo descreve o crescimento e queda da Been Trill e toda a mística por trás da marca e dos integrantes. Nasceu como um coletivo criativo e de DJS, acabou se tornando uma marca que foi catapultada pela internet e pelo marketing de influência, posteriormente vendida pra PACSUN e perdeu toda a sua credibilidade. O coletivo era formado por Virgil Abloh, Heron Preston, Matthew Williams, Justin Saunders e -possivelmente- Kanye. Ajudou bastante no começo da ascensão do Travis Scott.
https://www.instagram.com/p/C6G0jPaqtAX/?utm_source=ig_web_copy_link
A conversation with Teddy Santis at Aimé Leon Dore
Mais uma entrevista do Teddy Santis por aqui, essa mais completa e mais atual (2019). Ele é essa figura misteriosa na internet que está por trás da Aimé e da 'reinvenção’ da New Balance, mas nas entrevistas ele costuma falar bem e ser bastante eloquente. Separei e traduzi alguns trechos:
Construída sobre uma filosofia central de autenticidade, a ALD opta por subverter a muitas vezes superficial obsessão por produtos hypados em favor de estabelecer relações próximas com os clientes que vão além de peças de vestuário excepcionais para contar uma história embebida na herança de Queens.
Nasci e fui criado em Queens, NY, por pais imigrantes gregos que acreditavam no trabalho duro e em garantir que nunca esquecêssemos de onde viemos. Isso é definitivamente óbvio na minha estética e acho que é também por isso que a marca tem sido tão bem recebida no exterior.
FINAL: Aimé Leon Dore gosta de se manter longe do lado 'hype' da indústria de streetwear para construir conexões profundas com os clientes com base nos valores da marca e não apenas no nome ALD, por que isso é importante para você?
Teddy Santis: É isso que eu acredito que cria autenticidade e longevidade em uma marca como a ALD. O nome não significa nada se não estivermos sendo verdadeiros quanto ao porque estamos fazendo isso. Eu acredito que somos contadores de histórias mais do que qualquer coisa e o produto vem em segundo lugar para isso. Ninguém quer usar nada hoje a menos que acredite no que isso representa. As pessoas que não se importam, eu não quero esse consumidor. Eles são de curto prazo e mais do que qualquer coisa vão prejudicar a marca por esse motivo especificamente. Isso é o streetwear hoje, metade das pessoas usa algo porque todo mundo está fazendo isso, não por causa do que realmente representa ou porque eles realmente gostam... Com o mercado de hoje, tentar fazer o que propusemos é realmente difícil, mas se você se mantiver firme o suficiente porque realmente acredita em algo, a diferença entre onde você está agora e onde quer estar é apenas uma questão de tempo, trabalho duro e uma abordagem honesta. A internet deu ao consumidor a oportunidade de descobrir os fatos e como marcas como a minha controlam isso é o que vai determinar o sucesso a longo prazo. Para ser honesto, eu não sou fã de onde o streetwear está agora e é por isso que estou animado para estar na posição em que estou.
FINAL: Você mencionou que a decisão de abrir um espaço físico em Nova York tinha a ver com a capacidade de transmitir a identidade da marca de uma maneira que vai mais fundo do que experimentar os produtos. Se você tivesse que traduzir a experiência do espaço ALD em algumas palavras, quais seriam?
Teddy Santis: Tentamos criar vários momentos que te atingem com uma tonelada de emoção quando você os experimenta ao mesmo tempo. Cada único detalhe é levado em consideração ao construir esses espaços.
Estou sempre olhando para trás, para a minha infância, e o que me inspirava então e como posso traduzir isso hoje.
MÚSICAS QUE ESTOU OUVINDO
Tenho voltado à ouvir Pop Smoke e dado atenções à músicas que nunca tinha dado e tem muita coisa boa. Ele apareceu de forma meteórica e balançou toda a indústria musical e logo se foi. É doido parar pra pensar no sentimento de empolgação que girava em torno dele na época. Todos sabiam desde o começo que ele seria gigante e parecia ser algo inevitável. Esse clipe dirigindo pelo Virgil é muito foda e tem uma energia que não dá pra ser replicada. Participação do Steven Victor, carros da L’art… Que os dois descansem em paz, queria ter tido a oportunidade de conhecê-los.
Acho que o Vince Staples é bem subestimado, ele é bem consistente e os álbuns em geral são muito bons. Ainda preciso ouvir mais esse, mas gostei bastante nos primeiros contatos, talvez seja difícil superar os últimos 3, mas mesmo assim é um ótimo projeto. Destaque para “Shame On The Devil” e “Little Homies”
Álbum com cara de álbum, sinto falta disso nos rappers brasileiros. Conceito bem definido, curadoria e desenvolvimento das faixas muito bem feito, experimentações sonoras, etc… Ótimo projeto. Destaque pros breakdowns de bateria.
Nulo é meu amigo pessoal há muitos anos e sempre esteve ao meu lado disposto à fortalecer de qualquer forma. Fico bastante feliz e orgulhoso por ele ter lançado esse álbum totalmente na contra-corrente da indústria brasileira. Tudo sampleado, beats sem bateria, rimas descompassadas… Destaque para “Casablanca”.
Antes de começar o projeto do Cosmopolitan Boys eu já tinha feito o primeiro Cosmopolitan Sessions. Ontem eu acordei com vontade de fazer o segundo e fiz. Basicamente é um DJ set open format de cerca de 1h. Quero trazer alguns DJs convidados no futuro.
COISAS QUE ESTOU ASSISTINDO
Vídeo que acompanha o Virgil na preparação pro seu primeiro set no Coachella, mostrando todo o seu processo criativo por trás da escolha das músicas, do conceito, dos telões e etc… O maior de todos os tempos. Nem um dia se passa sem que eu lembre desse cara pelo menos uma vez. A energia e o entusiasmo dele eram muito únicos.
Mostra também a proximidade e a confiança dele no brasileiro Pedro Cavaliere. Também aparece o Arthur Kar e várias outras personalidades. Sem falar nesse escritório e na Pioneer transparente…
Disponibilizaram o aplicativo do Stremio pra televisão (sim, dá pra assistir qualquer coisa agora…) e voltei a assistir The Bear. Não que eu seja um grande entendedor de séries, mas tenho certeza que é uma das melhores da atualidade em todos os aspectos.
O Gawx é um pequeno gênio e tem o melhor conteúdo do YouTube com bastante distância. Esse vídeo que ele soltou hoje com publicidade da samsung tem que ganhar um prêmio de alguma coisa. Além do fato de ele fazer tudo sozinho.
TWEETS DA SEMANA
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https://twitter.com/tlop444/status/1792969815113547939?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1792969815113547939%7Ctwgr%5E4ec69996273a89f2f2c23ae2f6a24a04069e2e44%7Ctwcon%5Es1_c10&ref_url=https%3A%2F%2Fcaiodosreis.notion.site%2FCB-Sunday-Snippets-006-043ece6a36d24880ab44b13430db81cd
Obrigado pela leitura, espero que tenha encontrado alguma fagulha interessante pra você. Já vou deixar adiantado com exclusividade pros leitores que vamos fazer um evento no dia 8, separem esse data. Em breve trago mais informações. A situação no Rio Grande do Sul voltou a piorar nos últimos dias, não deixem isso cair no esquecimento e continuem atentos e ajudando da forma que puderem. Link com informações de ajuda centralizadas.
OUTRAS EDIÇÕES
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