Cosmopolitan Boys Sunday Snippets #17

30 de set. de 2024

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Precisava de algumas semanas pra planejar os últimos 3 meses do ano e trabalhar mais, os móveis da minha casa nova não vão se comprar sozinhos. Mas agora estamos de volta. Escrever semanalmente me ajuda a ter uma noção melhor do tempo, entender que uma semana se passou e estamos indo pra outra. Sem isso, tudo parece uma coisa só, e de repente já se passou um mês.

Eu ia escrever ontem, mas precisava de um dia pra processar o final de semana. Mikey, um amigo de Londres, veio passar dois dias em São Paulo pela primeira vez, pra que eu pudesse mostrar pra ele um pouco da cidade e da cena criativa. E foram tantas conversas produtivas que parecia nem ser real o que estava acontecendo. Já falei dele em uma outra edição da Newsletter, mas em resumo ele é diretor criativo do Loyle Carner e tem uma agência criativa chamada open!, além de um dos corações mais puros que já conheci.


Dentre muitas lições que ele me deu, uma frase se destacou. Estávamos jantando no Domo e tendo conversas profundas sobre aspectos profissionais, potencial do Brasil e etc e ele começou a falar algo sobre a importância da autenticidade e pessoas genuínas. “Eu estou no Brasil há uma semana e nem sequer postei nada, porque pra mim isso não tem importância, o mais legal é o que estamos fazendo aqui agora. Mesmo se não existisse internet ou não tivesse ninguém olhando, eu estaria fazendo as mesmas coisas: brincando com crianças na rocinha, visitando livrarias e comprando livros de arquitetura brasileira, jantando com meus amigos e tendo boas conversas. E é dessa forma que você atrai cada vez mais coisas/pessoas/oportunidades que se alinham com o seu estilo de vida.” Provavelmente não foram exatamente essas palavras, mas essa foi a mensagem.

Enfim, essas são as indicações da semana:

O QUE ESTOU LENDO

  • Raízes do Brasil

    Sérgio Buarque de Holanda era um historiador, sociólogo e autor, além de ser pai do Chico Buarque.

    Esse livro é de 1936 e analisa a formação da ‘identidade cultural brasileira'.

  • Making Room exhibition turns London shop into experimental maker space

    Voltando a falar do Mikey, na semana antes de vir pro Brasil ele estava envolvido em um projeto que aconteceu durante a semana de design de Londres. Basicamente foi uma residência de uma semana que hospedou várias atividades, principalmente sobre mobiliário.

"Pensamos em como poderíamos dar às pessoas as ferramentas e a autonomia para criar objetos físicos, mas também criar momentos onde as pessoas possam conversar sobre como elas navegam na indústria criativa."

Esse é o tipo de coisa que eu gostaria muito de fazer através do Cosmopolitan Boys.

O QUE ESTOU OUVINDO

  • Maria Esmeralda

    Uma colaboração entre MCs e produtores resultou em um dos discos nacionais mais interessantes do ano. Diferente de qualquer outra coisa que você vai ouvir.

  • Caos

    Eu gostei muito e ouvi muito a “Dias Antes do Caos”, então já sabia que ia ser difícil esse segundo projeto superar… e realmente foi. Mas tem várias músicas boas e elementos muito interessantes de voz e de mudança de beat que só o Alee faz. As produções do Neckklace são as melhores, sinto falta de mais gente fazendo beats de trap sampleados no Brasil.

  • 333

    Obviamente eu nem preciso indicar pra vocês saberem da existência desse álbum, mas não queria deixar de dar as minhas pequenas considerações. Admiro bastante o que o Matuê fez aqui, apesar de não amar todas as faixas. A produção, os timbres, texturas e sintetizadores foram o que mais me chamou a atenção e tive a oportunidade de falar disso com ele pessoalmente. Ele disse que o processo de fazer o álbum foi também o processo dele de aprender a produzir e ali eu entendi tudo. Essa ‘ingenuidade’ de quem está aprendendo algo novo é muito valiosa porque permite experimentar muito mais e ser mais inventivo. A faixa 333 é uma das melhores que já ouvi no rap nacional.

COISAS QUE ESTOU ASSISTINDO