Hip Hop, Break e Código: quando a rua encontra o futuro

22 de set. de 2025

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São Paulo sempre foi palco de encontros improváveis. Nos anos 80, uma juventude munida de spray, rimas e passos no asfalto transformava cada esquina em manifesto. O Hip Hop desembarcava por aqui, vindo nas ondas do break link artigo notthesamo e das batidas que atravessavam os oceanos, e se tornava o idioma de uma geração inteira.

Até março de 2026, o Sesc 24 de Maio relembra esse início com a exposição Hip Hop 80’s SP: São Paulo na onda do break. Registros raros, imagens, vozes e gestos de quem pavimentou a cena compõem uma viagem ao tempo em que o improviso era ferramenta, a rua era palco e a tecnologia, ainda analógica, já começava a hackear a cultura.

Mais do que nostalgia, a mostra revela como uma cultura nascida longe daqui se enraizou e ganhou sotaque próprio, traduzindo desejos e tensões de uma cidade que já pulsava em excesso. É a prova de como o improviso virou política, a festa virou resistência e a tecnologia, ainda limitada, já ensaiava futuros possíveis.



Foi nesse rastro que, dias atrás, o VIGA Club ocupou o Spiritual Sessions, também na cidade. Uma noite de DJs com DJ Henrique Lima como anfitrião, conversa e até código rodando ao vivo — como quem traduz para o presente a mesma energia de improviso e invenção que moveu os b-boys nos anos 80. Uma lembrança de que cultura, moda e tecnologia continuam andando juntas. E, quando caminham no mesmo compasso, a mágica acontece.


Para ter acesso às próximas experiências, entre para o VIGA Club.

A comunidade Notthesamo e a VIGA te dão seus primeiros R$50 em VIGA Tokens, que podem ser usados em vigashoes.com para calçados e acessórios VIGA — exceto collab VIGA x Kid Super.

E para revisitar as origens do Hip Hop em São Paulo, a exposição segue até março de 2026, no Sesc 24 de Maio.

DJ Henrique Lima

instagram.com/henriquelima0711

Figura lendária das pistas paulistanas, DJ Henrique começou sua trajetória em 1980, mergulhando no universo da black music. Curador de vinis desde sempre, aprendeu sua arte na observação atenta de outros DJs — sem escola formal, mas com muita amizade, troca e pesquisa.

A paixão veio de berço: o pai, colecionador de discos; a mãe, crooner apaixonada por jazz e samba. Em 1978, comprou seu primeiro compacto, inaugurando uma coleção que viria a se tornar memória viva das sonoridades negras.



Fonte: Arquivo pessoal – DJ Henrique Lima primeiro à esquerda, ao lado de Thaíde & DJ Hum.


DJ Henrique Lima

instagram.com/henriquelima0711

Figura lendária das pistas paulistanas, DJ Henrique começou sua trajetória em 1980, mergulhando no universo da black music. Curador de vinis desde sempre, aprendeu sua arte na observação atenta de outros DJs — sem escola formal, mas com muita amizade, troca e pesquisa.

A paixão veio de berço: o pai, colecionador de discos; a mãe, crooner apaixonada por jazz e samba. Em 1978, comprou seu primeiro compacto, inaugurando uma coleção que viria a se tornar memória viva das sonoridades negras.

Fonte: Arquivo pessoal – DJ Henrique Lima, registrando sua vivência durante a abertura da exposição "Hip Hop 80’s SP"


Foi presença ativa nos bailes black da época, onde não apenas dançava, mas experimentava novas técnicas. Com deck de rolo e gilete, editava bases para que MCs gravassem suas rimas ao vivo — participando diretamente do nascimento do primeiro rap brasileiro.

 

Mais de quatro décadas depois, DJ Henrique segue firme como guardião da cultura, sendo recentemente convidado para a exposição “Hip Hop 80’s SP”, no Sesc 24 de Maio, reafirmando sua importância como referência histórica e curador da memória da música preta no Brasil.


Remix infinito

Quarenta anos depois, o impacto segue vivo. Não só nos beats ou nas calçadas, mas na maneira como São Paulo continua criando intersecções improváveis.

O Hip Hop ensinou que tudo pode ser remix: corpo, som, imagem, identidade.

E é nessa lógica que moda, comunidade e tecnologia seguem se encontrando — no VIGA Club, no Notthesamo, e em cada esquina onde a cultura insiste em reescrever o futuro.


Entrevista com DJ Henrique Lima

Noodl3.club — Henrique, você começou em 1980 dentro da cena black. Como foi o início e a vida na comunidade?

DJ Henrique — Naquela época praticamente inexistiam escolas de DJ. O caminho era observar quem já tocava, aproximar, criar amizade e ficar ao lado da cabine. Aprendi vendo, ouvindo e vivendo os bailes. Eu dançava muito, frequentava as festas e, quando finalizei a escola, decidi: “quero ser DJ”. Investi pesado, pesquisava, virava noites escutando som. Valeu total — repetiria tudo.

Noodl3.club — Esse mergulho te levou ao universo dos vinis?

DJ Henrique — Total. Cresci cercado pelos discos do meu pai. Em casa sempre rolava vitrola. Minha mãe cantava, chegou a atuar como crooner, curtia jazz e samba. Com essa base, comprei meu primeiro compacto em 1978 e segui garimpando. Gosto de dizer que coleciono músicas que amo; a coleção de vinis virou consequência.

Noodl3.club — Você também viveu um momento histórico do rap no Brasil.

DJ Henrique — Participei da construção do que muita gente reconhece como um dos primeiros registros de rap feito aqui. Eu tocava na casa noturna Sunshine, em Santo André, no começo dos anos 80. Montávamos bases em deck de rolo, editando fita com gilete. O Pepeu — que depois estourou com “Rap das Meninas” (Ruth Carolina, Beth Josefina) — levou letra e voz; criamos a batida, gravamos na cabine e começamos a circular a fita cassete nas festas. A cena ganhou corpo desse jeito: mão na massa, criatividade e troca entre DJs e MCs.

Noodl3.club — Hoje esse passado está registrado em exposição, certo?

DJ Henrique — Sim. A mostra “Hip Hop 80’s SP: São Paulo na onda do break”, no Sesc 24 de Maio, apresenta registros do início até hoje: fotos, equipamentos, capas, flyers de papel — eu levei vários dos lugares onde toquei. Fico feliz por fazer parte. Vale a visita; tem muita história e detalhe pra apreciar.

Noodl3.club — E como surgiu a conexão com a marca que você vestiu no evento?

DJ Henrique — Cheguei por indicação do Felipe, com a proposta de unir marcas e cultura. Conheci as peças recentemente e vesti na hora. O tecido tem aparência encorpada e, ao mesmo tempo, entrega leveza e frescor — ideal pro nosso clima tropical. Curti de cara e já quero outras. DJ vive em movimento, cada dia em um lugar, então roupa confortável e estilosa vira parceira de trabalho.

Noodl3.club — Valeu por compartilhar essa caminhada.

DJ Henrique — Tamo junto. Vida longa aos eventos, à comunicação que conecta e à internet que amplifica. Bora seguir construindo.