NTS Convida: Daniel Simões (Tuga) - Review New Balance 997DLSR Made in USA “Ski Pack”
Estreando o quadro onde convidaremos pessoas de diversas áreas para escrever postagens colaborativas, o português residente no Brasil Daniel Simões (a.k.a Tuga) faz um review detalhado do New Balance 997DSLR "Ski Pack".
Quando a NottheSamo me convidou para escrever uma matéria para a página, rolou um pequeno debate sobre qual tênis abordar no review. Num ano em que decidi dar algum foco à minha coleção, este 997 era um dos últimos modelos que tinha encomendado lá fora e que estava prestes a ser entregue pelos Correios. Qual não foi a minha surpresa quando, depois de decidirmos que este seria o tênis que teria direito a review, passei por uma loja da NB na região do Morumbi e lá estava ele, acabado de chegar ao Brasil e ao alcance de todo mundo. Melhor ainda, assim poderia escrever sobre um tênis que está agora disponível no país e, quem sabe, ajudar alguém na sua decisão de compra (vou ser politicamente correto e não vou nem comentar sobre o preço de retail a que ele aqui chegou).
Como falei a cima, 2016 é um ano em que, salvo raras exceções, decidi focar a minha coleção em New Balance, sendo que o foco acontece sobretudo devido a tênis como este. Não se trata de uma edição limitada (ainda que o queiram vender como tal), e sim um general release da marca, mas e daí? Quem precisa de edições limitadas ou colaborações, quando um simples GR dá um pau na maioria do que aí anda no mercado com carimbo de collab? Aqui estamos a falar de coisa séria, tênis de brincar ficam à porta a assistir e a aprender.
A silhueta dos 997 não é a minha preferida da NB, mas talvez eu a coloque como a mais elegante. É como se tivessem combinado um pouco da robustez e classe do 1500 com a agressividade bruta do 998 e no final saiu este design de uma elegância extrema. O shape é irrepreensível e creio que as credenciais da fábrica dos Estados Unidos falam por si só (já agora, quando é que voltam a fabricar 1500 nessas fábricas americanas hein?). O tênis assenta num solado Encap, garantindo um conforto ótimo na pisada casual, traduzido numa midsole bem clean e que não rouba qualquer protagonismo ao restante do tênis.
A construção e execução do tênis são brilhantes. Não há marcas visíveis de cola, as costuras não têm falhas, os acabamentos estão caprichados e os painéis de diferentes materiais foram articulados de uma forma harmoniosa e cheia de classe. Eu ouvi a palavra materiais? Vish, sentem-se e apertem o cinto de segurança que agora a coisa fica pesada. Bom, é sabido que o que vem de Flimby e dos USA geralmente tem um padrão acima do que é produzido em outras fábricas da marca, e ainda que eu não tenha vivido a época de ouro em que era fácil e barato comprar releases de elevada qualidade no mercado, já vivi o suficiente para saber que, nos tempos atuais, não é normal ter general releases com detalhes em couro Horween. É, minha gente, isso mesmo, aquele capricho dos lançamentos com carimbo Horween, de 300 e muitos dólares, aqui apresenta-se em pequenas porções do tênis, trazendo um feeling bem premium a este lançamento. Entre a lingueta e algumas das partes laterais do tênis, somos convidados a experimentar a maciez do couro que geralmente só está disponível no mundo dos crescidos. De resto, é aquela receita que nunca falha, suede macio e de boa qualidade (nada de muito extravagante, mas com certeza acima da média) combinado com um mesh clássico e bem bonito do toebox. E já agora, se me permitem, até os laces são de boa qualidade, algo que parece frescura, mas que já me irritou em alguns dos 998 que tenho lá em casa.
Continuando, é praticamente impossível não falar das cores do tênis. Para vos ser sincero, se me dissessem, antes de ver o tênis, que iriam combinar a cor de vinho (ou burgundy, como preferirem chamar) com um marrom alaranjado, provavelmente eu iria torcer o nariz e perder algum do meu interesse, mas é por essas e por outras que eu não estou a desenhar tênis ou a definir paletas de cores ahahah. A cw deste tênis é simplesmente matadora! A combinação que aparentemente não iria funcionar, ficou absolutamente genial, tendo ainda sido complementada com a cor cinza na região do collar linning. As tonalidades do burgundy que variam entre as partes em couro, suede e mesh ficaram excelentes e ganham ainda mais vida quando contrastadas com os toques alaranjados do símbolo da New Balance, da lingueta, e de uma pequena região que se estende da parte superior por onde passam os laces até ao início da região do calcanhar. Já as insoles resgatam uma tonalidade mais escura de cinza, assinadas com o 997 da silhueta e duas linhas coloridas, ainda que sóbrias, que atravessam a insole de uma ponta a outra.
Pouquíssimo falado, talvez por ser um GR e não ter um carimbo de parceria com uma loja famosa, este foi um tênis que passou meio que despercebido e que, em algumas lojas lá fora, vai acabar por sobrar para a época de saldos. Eu andava-me a coçar desde Dezembro de 2015 por ainda não o ter comprado, e agora que o tenho, para mim, foi disparado o melhor general release da New Balance no ano de 2015 (discutível na opinião de muitos, mas isso é que é legal, termos as nossas opiniões para discutir). Não se deixem levar apenas pelos nomes das grandes lojas que fazem mil edições limitadas por ano. Cada vez mais “collabs are the new GRs” e, em alguns casos, tal como este, é praticamente vice-versa.
Obrigado Notthe Samo pelo convite e oportunidade de matar a saudade de escrever sobre tênis, e continuem o vosso excelente trabalho. Stay fresh!
- Daniel Simões
Instagram: @limpa_vias