“Amores Perros”: o primeiro álbum de estúdio de Tonyyymon

Nov 13, 2025

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A inspiração de Tony vai além da música, e, como um artista amplo ele se conecta com diferentes frentes da arte: como cinema, literatura e até moda. Além disso, obras e trajetórias de artistas específicos influenciam sua maneira de criar, enquanto suas experiências cotidianas se transformam em rimas e melodias.

Seu processo criativo é flexível e colaborativo. Entre freestyles, anotações de rimas e conversas com produtores, suas ideias ganham forma de maneira espontânea. O resultado de tudo se deu no álbum Amores Perros, que reflete essa abordagem com narrativas variadas, baseados numa visão provocativa e ao mesmo tempo, plural.

Conversamos com Tony sobre a composição da sua trajetória, referências e influências, além do seu novo álbum. Confira abaixo:

NOTTHESAMO: Como começou sua relação com a música?

Tony: Minha relação com a música começou de fato lá pelos meus 15 anos, que eu comecei a ter esse exercício de escutar música de forma mais profunda. Sempre escutei funk no celular, subindo para escola, como todo moleque de quebrada. Escutava muito MC Daleste, Racionais… Mas eu nunca tinha descoberto o amor pela música até meus 15 anos. Era uma parada meio solta, já que não tive isso tão presente durante a minha infância por meus pais não terem relação com a música. Meu pai era do sertanejo oitentista e minha mãe era do forró, mas uma relação bem casual de escutar, de forma descontraída.

Com 15 anos comecei a ter um olhar mais atento, até começar a fazer música com 19 anos, vindo a paixão, a pesquisa e o trabalho juntos de uma vez por todas.

NTS: Quando percebeu que queria transformar isso em uma carreira?

T: Foi no meu primeiro show, por incrível que pareça! É curioso, dividi o line-up com artistas que hoje alcançaram projeções enormes, mas estavam no começo de uma visibilidade ali: as gêmeas Tasha e Tracie, Jota.pe — que depois veio a ganhar 3 Grammys Latinos, meu amigo Marabu, Bia D’Oxum… Tinha uma mistura de artistas underground com mainstream, a Drik Barbosa se apresentou também. Foi loucura.

Quando eu fiz esse show, eu não tinha nenhum projeto lançado! Tinha alguns singles no SoundCloud e acabei criando uma rede que me abriu portas pra participar desse evento, sem mesmo um EP lançado. Lá eu cantei duas músicas, isso em 2020, que foram lançadas só agora, 5 anos depois, em Amores Perros.

Conheci o Rico Manzano lá, produtor do meu álbum e fundador da Central Records, e o Eddu Chaves, que também produziu Amores Perros, então foi uma ocasião que abriu muitos caminhos. Ali que tudo criou corpo, e eu segui minha trajetória.

NTS: Quais artistas, estilos ou movimentos mais te influenciam? Existe alguma referência fora da música — como cinema, moda ou artes visuais — que te inspira?

T: Não são muitos artistas que me influenciam, mas sim o trabalho deles. Tem alguns que sim, eu compactuo com a ideologia e a postura, como o Don L, mas em geral eu fico mais mexido com a sonoridade dos artistas. Mas num geral assim, o Tyler, The Creator. Ele tem uma veia criativa muito inspiradora, e a verdade vence no fim das contas, porque ele faz por amor. Em relação a estilos, não tenho específico — se tratando de vestuário e musicalmente, eu gosto de estéticas e construções boas. Sem restrições. Sou um cara movido pela arte.

Fora a música, uma coisa que me influenciou muito foi a biografia do Van Gogh. Tanto o cinema quanto a literatura me movem. Principalmente por eu ser rapper, acredito inclusive que a moda me influencie nisso — até porque minha mulher é modelo! Ela faz eu absorver muito desse mundo, e eu me apaixonei por isso também. Agora sobre movimento, não tem como: Hip-hop, família. É o que eu sou, é o meu fio condutor.

NTS: Como essas influências se traduzem no seu som e na sua estética?

T: As minhas influências são matéria-prima do que é a minha discografia. É uma simbiose de tudo que eu já consumi e experienciei na minha vida. Não tem um artista ou trabalho específico que influenciou minhas obras, mas é uma absorção completa e uma expressão musical, em sua forma mais pura.

NTS: Como você descreveria seu processo criativo? Você começa pela letra, pelo beat ou pelo conceito?

T: Depende muito do momento, não sigo exatamente uma linha, às vezes o ponto inicial difere. Mas eu sou um cara que faço muito freestyle, estou a todo tempo rimando, e às vezes minhas rimas apenas vêm até mim e anoto em algum lugar pra depois materializar em letras. Em questão da sonoridade, com Rico e o Eddu, foi muito orgânico, uma conversa traduzida em música que correu sem empecilhos. Nossas ideias bateram e é um projeto com a cara dos três, não só a minha, onde todos somamos para o que saiu.

Até em relação aos feats do álbum — Zudizilla, Janvi, niLL, Lys Ventura, Luiza de Alexandre — todo mundo somou na mesma bala, e todos são referências para mim, o que tornou a experiência excepcional.

NTS: O que te motivou a criar esse álbum?

T: O que me motivou a criar esse álbum foi uma ação e sua consequência, a criação de Boa Noite SP, um dos singles do álbum, junto com Fireworks. Eu escrevi ela logo no início da minha carreira, um jovem vivenciando a cidade de São Paulo, desbravando e vivendo a noite. Eu transmiti essa vivência em música, e eu e Eddu estávamos produzindo meu primeior EP, Cacos (2021), que juntou Grime, Rap, Funk, tem até 150bpm, um projeto bem experimental e muito distinto do Boa Noite SP. Eu pensei em incluir o single nesse EP, até teria um conceito que conversava, mas com o tempo vimos o quão especial era essa faixa e decidimos criar uma narrativa própria para ela, então guardamos.

NTS: Existe uma mensagem central que você quis transmitir através dele?

T: Ele é muito plural, então não diria que é uma mensagem central. Eu falo muitas verdades em Amores Perros, verdades que experienciei. É todo um macro, com muitos protagonistas: a noite, o sexo, o gozo, as consequências, as substâncias. É toda uma atmosfera, como um quadro com várias pinceladas.

NTS: De que forma esse álbum representa quem você é agora como artista?

T: Representa-me como um artista sem medo, por ser um projeto muito provocativo. Foi um ato corajoso realizá-lo tanto no sentido visual quanto musical. Abraçar aquela narrativa, com seus prós e contras, e assumi-la sem se importar com opiniões alheias é muito ousado.

NTS: Quais são seus próximos planos, novos sons, colaborações ou performances?

T: Tô com um som com um produtor mil grau de funk! Mas ainda não posso falar mais sobre. Mas vai ter show de lançamento na Central 1926, espaço da minha gravadora, Central Records, além da nossa Central Jam de toda terça-feira!

NTS: Se você pudesse dar uma dica para alguém, o que diria?

T: Leia livros e se cuide. Beba água e cuide da sua pele. Curta a noite, a vida é equilíbrio. Os ouvidos mais próximos sempre são os nossos!

Writing assistant and social media manager

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