Japan House reúne expoentes da moda japonesa em mostra

A exposição – nomeada “Efeito Japão: moda em 15 atos” – destaca o impacto e as influências da moda japonesa no cenário global. A partir de 15 trajes de importantes estilistas nipônicos, a mostra busca desvendar o poder do design japonês que assimila as tendências do mundo, as transformando em novas tendências por meio de uma sensibilidade particular.

Dentre as peças selecionadas especialmente para a exposição, estão produções de Hanae Mori, Masao Mizuno, Kansai Yamamoto, Kenzo Takada, Yohji Yamamoto, Isao Kaneko, Yoshiki Hishinuma, Issey Miyake, Junya Watanabe, Jun Takahashi,  Kunihiko Morinaga, Junichi Abe e Chitose Abe.

“Esta exposição é uma valiosa oportunidade para conhecermos um panorama das transformações da moda no Japão, as quais se iniciaram na década de 1950 e continuam ocorrendo até hoje. Espero que os visitantes desta exposição entrem em contato com a sensibilidade japonesa, que é capaz de contemplar a mudança dos tempos através das tendências da moda, como um espelho que reflete a sociedade”, afirma o coordenador da mostra, Souta Yamaguchi.

Com uma linha do tempo definida através das peças expostas, a mostra destaca marcos históricos e contextos sociais da moda no Japão e no mundo, desde o período pós-Segunda Guerra Mundial – quando as vestimentas passaram dos quimonos para roupas ocidentais, passando pela consagração de estilistas japoneses no cenário internacional e a influência do street style japonês. Os novos nomes da moda japonesa também são abordadas, que ascenderam ao liderar tendências contemporâneas como o uso da tecnologia de ponta, além de designers promissores.

AS HISTÓRIAS POR TRÁS DAS OBRAS

O Japão do pós-guerra (na década de 50) estava remodelando o quimono e as roupas ocidentais em termos de função, higiene e economia. A peça mais antiga exposta foi confeccionada com a combinação de tecidos de quimono feitos em técnica de tecelagem tradicional de Okinawa, Ryūkyū kasuri, em que o algodão é tingido com corantes naturais. Produzida quando os desfiles de moda começaram a se espalhar no país, a peça reflete o contexto histórico da transição da moda japonesa dos quimonos para roupas ocidentais.

Já na década de 60, os tecidos sintéticos elásticos levaram gradualmente à integração das roupas ocidentais, iniciando o desafio do design de estilo japonês. Uma das peças expostas é o vestido com estampa de bambu confeccionado em uma única peça de tecido crepe poliéster sem cortes na região dos ombros da primeira designer asiática aceita na Chambre Syndicale de la Couture Parisienne.

Na década de 70, o orientalismo ressurge em um contexto caracterizado pela liberdade e estilos que misturavam influências japonesas com ocidentais que se tornaram populares. A peça de Kenzo Takada expressa esse momento: costurada em linhas retas como um quimono e descrit como “anti alta-costura”. Outro exemplo é a criação de Kansai Yamamoto, que utilizou um motivo visto na pintura de pipas japonesas, na confecção de um macacão com base no traje do Kabuki.

Nos anos 80, dois momentos importantes surgiram: o primeiro foi da moda extravagante, que refletia o alto crescimento econômico e a bolha econômica do Japão – representado por uma peça volumosa, elaborada com detalhes em pregas delicadas, rendas, babados e apliques, que são a base da cultura Kawaii do Japão; por outro lado, o movimento “Shock Wave” nasceu, que rejeitou a elegância ocidental – ilustrado por uma peça com drapeados ousados com várias camadas de lã crua.

A partir da década de 90, o street style japonês atraiu a atenção internacional, com estilos remixando diversas culturas e designs usando técnicas avançadas de processamento. Yoshiki Hishinuma, que trabalhou no MIYAKE DESIGN STUDIO, utilizou a termo plasticidade do poliéster para criar obras aplicando a tradicional técnica japonesa shibori – tingimento que envolve prender partes do tecido e mergulhá-lo em pigmento.

Dos anos 2000 para frente, os designs minimalistas surgiram. Levando em consideração a sustentabilidade e a expressão da complexidade de personalidades, surgem peças confeccionadas com vários materiais de diferentes texturas, com formas assimétricas e costuras sem padrão. O objetivo é romper a própria beleza e transformar o processo de confecção, permitindo que o usuário crie o design. A peça de patchwork de vanguara da ANREALAGE é um exemplo disso: trabalho manual que vai além do digital e analógico e oferece uma visão panorâmica da transição diversificada da moda japonesa contemporânea.

A exposição é coordenada por Souta Yamaguchi e estará aberta ao público até o dia 1º de setembro de 2024, na Japan House São Paulo – localizada na Avenida Paulista, 52.

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