Cosmopolitan Boys Sunday Snippets #004

Foto de capa por Joseph Rodríguez. Los Angeles Gang Culture, 1994.

04/05/2024, Sábado, 22:49 @ Centro, São Paulo.

Tentando ser mais organizado com isso aqui, dessa vez comecei na noite anterior (olha só). Eu sei que Deus está vendo meu esforço trabalhando numa noite de sábado. Brincadeiras a parte, talvez eu prefira assim, pelo menos na maior parte das vezes. Não sei se o segredo está em se fazer o que gosta ou na vontade de querer vencer à qualquer custo. Eu sou movido pelos dois, às vezes meto os pés pelas mãos, mas tudo bem, estou tentando descobrir o que fazer da vida provavelmente tanto quanto você.

O feriado dessa semana deixou ela meio confusa. Pra mim, foi muito mais de planejamento pro mês de maio ser menos caótico do que o de abril. Acabei não consumindo tanta coisa, mas mesmo assim acho que consegui coletar algumas coisas legais. Tenho refletido bastante sobre como arquivar, organizar e otimizar meus trabalhos. Espero que gostem. Essa frase já tá ficando meio clichê, mas acho que é tudo que eu posso fazer afinal: esperar que alguém goste tanto quanto eu de determinados assuntos.

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COISAS QUE ESTOU LENDO
Joseph Rodríguez

Quando terminei de escrever a primeira edição do Newsletter, percebi que ficaria mais bonito se eu colocasse uma foto de capa. Mas não queria colocar qualquer coisa, queria que fosse algo com algum embasamento, e desde então virou rotina fazer uma pesquisa mais apurada por algo legal. A pesquisa dessa semana me levou até o trabalho do Joseph Rodríguez. E ainda bem que levou. Eu tenho alguns projetos em mente que giram em torno da fotografia e tenho consumido bastante trabalhos de fotógrafos.

Joseph é um fotógrafo documental americano que está ativo há mais tempo do que eu tenho de vida. Seu trabalho, além de incrível, me impressionou muito pela forma como ele tem tudo muito bem catalogado e organizado, com legendas que descrevem as cenas com detalhes. Tão jornalístico quanto artístico. Separei o parágrafo dele falando sobre seu trabalho:

Como fotógrafo documental há mais de 25 anos, meu ponto de vista tem sido trabalhar lentamente quando é possível. A paisagem doméstica da América tem sido meu interesse nas últimas duas décadas. Hoje, continuo a trabalhar dentro da prática documental social, cobrindo as lutas do cotidiano. Como Fred Ritchin, autor e presidente do www.pixelpress.org escreveu, “A fotografia muitas vezes confirma preconceitos e distancia o leitor de realidades mais matizadas. As pessoas no quadro são muitas vezes retratadas como muito estrangeiras, muito exóticas, ou simplesmente muito diferentes para serem facilmente compreendidas.” Eu continuo a contar histórias que tiveram um efeito na minha vida para que possamos diminuir essa distância e desenvolver uma melhor compreensão.

Tenho procurado aprimorar cada vez meu processo de arquivar minhas produções de forma organizada, acho que isso é um grande defeito da geração pós-internet como um todo. Documente tudo o que puder e como diz meu mano Sean Brown “don’t delete your old work”.

Simon Wheatley

Dando sequência aos fotógrafos, também tenho aprendido muito com o Simon Wheatley. Inclusive tem uma ótima matéria sobre ele no NOTTHESAMO (aqui). Mas em resumo ele é um fotógrafo documental londrino muito prolífico que ficou conhecido majoritariamente pelos seus registros da cena do grime, que ele acompanhou desde o começo. Fun fact: ele já morou no Brasil por um tempo pra estudar História. Simon continua muito relevante no Reino Unido e globalmente, documentando a nova geração. Essa semana foi divulgada uma colaboração dele com a Corteiz, que teve uma enorme atenção, na qual ele fotografou o lookbook. Ele já tinha fotografado o Clint uns meses atrás pra revelar a colaboração entre Corteiz e Supreme.

Miguel Rio Branco

Agora um fotógrafo brasileiro. Eu tento ignorar o fato de que ele é muito playboy, porque o trabalho é realmente bom. Mas tenham em mente que ele é bisneto do barão do Rio Branco e tataraneto do visconde de Rio Branco, só pra vocês terem uma noção.

Ele tem esse livro chamado Maldicidade que eu sempre esbarro em bancas e livrarias por aí (aconteceu hoje numa banca do centro), mas nunca tenho coragem de gastar 300-400 reais. As cores e texturas das fotos dele são absurdamente fodas.

Forget Traditional Retail, Awake NY’s Lower East Side Flagship Is a Cultural Hub

Angelo Baque é uma das minhas maiores inspirações. Ele já trabalhou na Stussy, foi diretor da Supreme por 10 anos e hoje tem a Awake, que possui uma das lojas mais lindas do streetwear. Essa entrevista foi sobre a inauguração da loja. Muito foda como ele enxerga a marca como uma coisa de comunidade sem ser ‘blasé’ e segue um caminho consistente e independente do resto do mercado. Sinto essa mesma energia, de criar algo significativo pra mim e cultivar isso, sem olhar pra hype ou concorrência. Cativar as pessoas através da sinceridade, autenticidade e consistência. Espero que tenha sido isso que te trouxe até aqui. Separei e traduzi alguns trechos:

  • Sua jornada pessoal começou no varejo também. O que você aprendeu com todo o tempo que passou trabalhando em lojas? Como proporcionar uma experiência. Você pode ser um mago do design e da fabricação, mas se não souber como vender o que está fazendo, isso não importa. Se você está entrando em minha loja e eu vou convencê-lo a comprar uma jaqueta, a música certa tem que estar tocando, o incenso certo deve estar aceso, a loja tem que estar impecável.”
  • “Eu quero que a loja seja um lar, um espaço para crianças virem, se divertirem e absorverem jogos onde não precisam comprar algo para pertencer. Eu não podia comprar nada de muitos dos espaços em que eu andava quando estava começando, mas eles ainda me tratavam bem. Eu costumava andar pela Union, e Chris Gibbs me deu uma camiseta grátis uma vez porque ele sabia que eu não podia comprar nada. Aquele momento, e as experiências que tive lá, como conhecer Tremaine Emory no banco da frente, mudaram toda a minha trajetória. Adoraria que minha loja proporcionasse essas mesmas experiências para a próxima geração.
  • “A parte mais importante da construção de uma comunidade é agir: iniciar, cultivar e nutrir sua comunidade.”
  • “É importante para mim mostrar que você pode ser daqui, que você pode se parecer comigo e que você pode ter sua própria loja também. Eu não tinha esses exemplos quando estava crescendo, e quero ter certeza de que os fornecemos. Você definitivamente vai poder me ver na loja.”
  • Qual é o seu objetivo “estrela do norte” para a loja? Pessoas se reunindo na frente dela! [risos] Se eu posso olhar pela janela do meu escritório e ver as pessoas se divertindo lá fora, essa é a maior vitória que eu poderia pedir.
The Method: Teddy Santis

Com o excelente trabalho recente que a Aimé Leon Dore e a New Balance vem fazendo, eu (assim como muitos) me tornei obcecado pelo Teddy Santis, essa foi a entrevista mais antiga que eu consegui achar dele (2014). Separei e traduzi os trechos que mais gostei:

Sempre senti como se estivesse superando todos ao acordar cedo. Se você acorda tarde, quando seu cérebro começa a funcionar, já é passado do meio-dia.

A luz do sol entra pela sala de estar, e ele anda de um lado para o outro, tocando no telefone, entrando no brilho e saindo novamente. Ele sorri. “Eu faço isso todos os dias, como uma pessoa louca.”

Teddy começa o dia por volta das 6:00 AM, andando de um lado para o outro, respondendo a e-mails de produção do exterior. Ele toma banho e penteia o cabelo em uma divisão rígida. Ele mantém uma barba – “Eu fui para uma escola só de meninos e nunca tive que fazer a barba”, diz ele. Sua mão nunca está sem um copo de água (“Pelo menos um galão por dia”, ele diz). Na manhã média, ele não prepara o café da manhã (“Eu peço muitos Seamless.”) De fato, ele admite: “Eu realmente nunca estou aqui.”

E embora isso seja uma pequena metáfora, encontrar pequenas maneiras de fazer as coisas de maneira mais simples é como Teddy tem sido bem-sucedido em tudo que ele enfrentou.

“Sempre tive uma boa imaginação”, diz Teddy enquanto ele navega o carro pelo trânsito na ponte da 59th Street. Ele olha pela janela. Um dia inteiro de potenciais desafios o espera. Mas primeiro, um momento de descanso. “Em Nova York, é fácil duvidar do que você está fazendo, porque você acha que alguém está fazendo melhor, então as pessoas tendem a se apressar.” Ele tira o pé do acelerador para enfatizar. “Desacelere! Faça algo especial.”

Sinto muita falta de materiais assim no Brasil, com criativos que fazem as coisas acontecerem fora dos holofotes. Ele também tem essa entrevista mais recente e mais completa que é muito boa, em outro momento falo um pouco sobre ela.

The Last 100 Exercise: How I’m Delegating 85% of My Work

Sempre fico um pouco receoso de trazer conteúdos assim, porque fica na linha tênue do ‘coach’, mas ao mesmo tempo acho importante, porque sei que vocês são jovens como eu e estão tentando um jeito de se virar nesse mundão. Mas em resumo, é um artigo do Tiago Forte falando sobre a importância de aprender a delegar. Separei e traduzi alguns trechos:

Sempre tive dificuldades com a delegação. Vendo-me principalmente como um “fazedor” e “executor”, sempre pareceu que eu poderia concluir qualquer tarefa duas vezes mais rápido do que levaria para explicar a qualquer outra pessoa. Sempre pareceu estranho pedir a alguém para fazer algo que eu não estou disposto ou incapaz de fazer, mesmo que eu esteja pagando a eles para fazer exatamente isso!

Delegar a todas essas terceiras partes é uma habilidade e não uma que é ensinada em qualquer escola. Isso requer que você pare um momento e pense sobre por que algo está sendo feito em primeiro lugar, como é o sucesso, quais contexto ou detalhes são necessários, e quem é a melhor pessoa para lidar com isso.

É muito mais fácil simplesmente lidar individualmente com outro lote de tarefas em vez de enfrentar a pergunta desafiadora: “Existe alguém que poderia cuidar disso em vez de mim?”

MÚSICAS QUE ESTOU OUVINDO

Bakar

Bakar é um mano inglês que faz meio que um indie rock e se veste extremamente bem. Ele tá furando um pouco a bolha por conta de um remix que tem viralizado no TikTok, mas vale a pena ir mais fundo nos trabalhos dele. O Jordan Vickors, que é outra grande referência pra mim, colabora com ele em vários trabalhos como diretor criativo e stylist.

Cityboymoe

Conheci o trabalho do Moe (também inglês) uns anos atrás quando um amigo me mostrou esse clipe, um dos primeiros no rap que vi filmado em película e totalmente na contra-mão dos clipes de rap. Depois de um tempo fui ligar os pontos que ele conhecia todos os criativos que eu acompanho de Londres e que o diretor do clipe foi o Walid Labri. Um ótimo respiro das sonoridades genéricas do rap. Ele soltou um ótimo álbum de estreia ano passado.

Larry June – Imported Couches

Nem tem o que falar. Um outro ótimo vestígio de ar fresco na indústria da música. Eu amo esse cara demais rimando sobre coisas que ninguém mais rimaria se não ele.

COISAS QUE ESTOU ASSISTINDO

Concrete Boys: Lil Yachty, KARRAHBOOO, Camo!, Draft Day & Dc2trill – DIE FOR MINE (Official Video)

Os Concrete Boys trazem uma grande nostalgia dos tempos de ouro da A$AP Mob, Odd Future e etc: um grupo de jovens bem vestidos fazendo uma movimentação cultural autêntica. Eles tem um potencial enorme. AMD Visuals é o diretor de praticamente todos os clipes do Yachty e dos outros membros há algum tempo, e agora virou o primeiro diretor contratado da Lyrical Lemonade – esse clipe foi a estreia dele. Dá pra reconhecer um talento só de ver e esse mlk com certeza é um grande talento do audiovisual.

Knowing music theory can actually make you a worse musician

Gosto muito do canal do Mai. Ele é o que eu mais gosto de ver fazendo beats no YouTube e o cara que me fez baixar o Ableton. E esse basicamente é um vídeo de 2 minutos dele falando como o conhecimento teórico de música pode nos fazer ‘músicos piores’ em alguns aspectos e eu compartilho desse sentimento constantemente. Às vezes encontro algo que produzi anos atrás, acho incrível e fico me perguntando COMO. Eu nunca conseguiria fazer de novo. E na época eu não tinha conhecimento algum. Enfim, é uma boa reflexão e acho que pode ser traduzida pra qualquer área. A ignorância nos faz encontrar soluções criativas.

I Bought My Dream Porsche and Drove it Across California

Canal sobre fotografia que eu vejo todos os vídeos independente de qualquer coisa. Ele filma 80% das coisas com o iPhone e é muito muito muito bom.

My Tech Everyday Carry for 2024!

Outro canal que assisto todos os vídeos independente. Falei sobre ele na newsletter passada. O único cara do youtube que mistura videos de tecnologia, música, gastronomia, viagem, oakley vintage, mercedes-benz e teenage engineering.

How to 10x Your Income – The 4 Ladders of Wealth

Já falei do Ali Abdaal algumas vezes também e é outro conteúdo que deixa receoso de estar indo pra um lado muito coach, mas esse vídeo eu genuinamente acho que todos deveriam ver, é o tipo de conhecimento que deveria ser de senso comum. Não se deixem levar pelo título meio clickbait.

TWEETS DA SEMANA

São exatamente 1:39 e eu acabei de terminar. Apesar do trabalho que dá, tenho gostado de fazer isso, eu entro num limbo de coisas legais. Espero que tenham encontrado algo que vocês achem legal também. Boa semana a todos e dêem uma atenção no que tá rolando no sul e ajudem como puderem. Link com informações de ajuda centralizadas.

©2024, Acordamos e fazemos coisas, Cosmopolitan Boys.

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