A moda subversiva de Jean Paul Gaultier

24 de abr. de 2025

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Infância e formação: o garoto que bordava com a avó

Jean Paul Gaultier nasceu em 24 de abril de 1952, em Arcueil, uma comuna nos arredores de Paris, de classe trabalhadora. Filho único, foi criado numa casa feminina: sua mãe trabalhava como caixa e sua avó materna, Marie Garage, teve um papel central em sua formação sensível. Era com ela que o pequeno Gaultier aprendia sobre beleza — ela aplicava tratamentos de beleza em casa, lia revistas de moda, e foi com ela que ele aprendeu a bordar.

Essa avó foi seu primeiro ateliê. Ela o incentivou a expressar sua criatividade desde cedo. Gaultier se interessava menos por futebol e mais por croquis — fazia esboços de vestidos enquanto outras crianças desenhavam super-heróis. Aos 13 anos, ao ver o desfile de Pierre Cardin na televisão, decidiu que seria estilista. Ele não estudou em escolas de moda tradicionais como muitos de seus contemporâneos, preferiu mandar seus desenhos diretamente aos costureiros. Um deles, Cardin, viu potencial — e o contratou como assistente em 1970, quando Jean Paul tinha apenas 18 anos.

De autodidata suburbano ao ateliê de Cardin

Nos anos 60, a moda francesa ainda era um mundo hermético, centrado na alta-costura, com seus rituais rígidos e casas tradicionais. Jean Paul Gaultier, adolescente naquela época, era tudo o que esse sistema não previa: sem formação acadêmica, sem sobrenome da elite e sem conexão direta com os grandes nomes da moda. Mas tinha duas coisas raras: obsessão visual e ousadia precoce.

Desde cedo, ele passava horas desenhando figurinos e observando o que as pessoas vestiam na rua e na TV. Inspirava-se tanto nos filmes de Fellini e Visconti quanto em estrelas de cabaré, travestis, marinheiros e desenhos animados. Sua avó era sua primeira plateia e seu maior apoio.

Gaultier sabia que nunca seria aceito por uma escola de moda convencional — até porque não tinha recursos nem o perfil que elas buscavam. Então, aos 17 anos, tomou uma atitude que definia muito de sua personalidade: em vez de procurar uma formação tradicional, decidiu enviar seus croquis diretamente aos estilistas mais importantes de Paris.

O encontro com Cardin: reconhecimento instantâneo

Pierre Cardin, um dos nomes mais experimentais e internacionalizados da moda na época, foi quem respondeu. E é importante entender quem era Cardin naquele momento: ele havia quebrado a tradição da haute couture ao lançar o prêt-à-porter de luxo nas grandes lojas de departamento, e era um visionário interessado em design futurista, formas geométricas e inovação.

Ao ver os desenhos de Gaultier, Cardin não viu apenas talento técnico — viu um espírito livre e transgressor, alguém que pensava diferente, com um humor ácido e uma sensibilidade excêntrica. Em 1970, com apenas 18 anos, Jean Paul Gaultier foi contratado por Cardin como assistente.

Esse convite não foi apenas um emprego: foi um batismo artístico. Trabalhar com Cardin foi o primeiro contato real de Gaultier com a indústria da moda, seus processos, sua estrutura. Ali, ele aprendeu sobre o corte, a costura, o acabamento, mas também sobre como pensar moda como sistema e espetáculo. Foi com Cardin que Gaultier entendeu que uma marca de moda podia ser também um império de imagem e desejo.


A formação paralela: aprendendo com Cardin, quebrando com Cardin

Apesar da oportunidade, Gaultier não se transformou em um seguidor de Cardin. Pelo contrário — o contraste entre eles ajudou a formar o próprio estilo de Jean Paul. Enquanto Cardin desenhava para um futuro asséptico, quase espacial, Gaultier queria mergulhar no presente urbano, no sujo, no underground. Ele absorveu o savoir-faire, mas mantinha sua inquietação criativa. Passou também por outras casas — Jacques Esterel e Jean Patou — experiências que lhe permitiram ver diferentes facetas do sistema da moda.

Mas foi Pierre Cardin que abriu a porta.

Esse momento revela uma chave da trajetória de Gaultier: a mistura entre o autodidata e o institucional, o outsider com acesso ao centro. Ele nunca deixou de ser o garoto que desenhava corsets para ursinhos de pelúcia e que colava penas e lantejoulas nos cadernos. Mas, ao entrar no mundo de Cardin, aprendeu a transformar sua fantasia em produto, em linguagem, em desfile.

Esse cruzamento entre o "não autorizado" e o "oficial" foi o que marcou toda sua carreira — sempre entre o respeito pela técnica da alta-costura e o desejo de reinventá-la a partir de um olhar que vinha da rua, da cultura queer, da televisão, do fetiche, do carnaval, da vida.

As primeiras experiências e o nascimento de um estilo

Depois de um período com Cardin, trabalhou com Jacques Esterel e Jean Patou. Mas já ali, no circuito da alta-costura, Gaultier destoava: sua sensibilidade era urbana, andrógina, popular. Inspirava-se na vida real, nas ruas, nos clubes, nos filmes e na cultura queer — algo pouco comum numa época em que a moda ainda respirava os ares aristocráticos da couture tradicional.

1. Jacques Esterel: o teatro do excesso

Depois da primeira experiência com Pierre Cardin, Gaultier teve uma breve passagem por Jacques Esterel — uma maison que não era tão influente quanto Cardin ou Dior, mas tinha uma identidade muito particular: teatralidade, humor e irreverência.

Jacques Esterel (pseudônimo de Charles Henri Martin) era, antes de tudo, um personagem: compositor, poeta, costureiro, com um senso de espetáculo quase carnavalesco. Seus desfiles tinham um quê de cabaret, com modelos que desfilavam cantando ou encenando, e roupas que misturavam símbolos da cultura popular com técnicas da couture.

Essa mistura falava diretamente ao espírito de Gaultier: ali ele viu que era possível transformar um desfile em narrativa cênica, que a roupa podia contar uma história, provocar risos, ou confundir códigos. Era a antítese do rigor minimalista.

Apesar de curta, essa experiência foi como uma fagulha: Gaultier entendeu que poderia construir moda não apenas com tecido, mas com atitude, ironia e performance.



2. Jean Patou: o peso da tradição

Logo depois, Gaultier teve uma passagem pela maison Jean Patou, sob a direção de Michel Goma, estilista conhecido por modernizar a marca mantendo sua elegância clássica. A casa Patou tinha uma herança sólida: Jean Patou foi um dos grandes costureiros da primeira metade do século XX, conhecido por sua sofisticação, perfumes e contribuição para o sportswear de luxo.

Aqui, o tom era o oposto de Esterel: tudo era medido, elegante, discreto, pensado para uma clientela tradicional. A estética era limpa, e a execução, precisa. Gaultier, com seu espírito contestador, sentiu-se confinado pela etiqueta.

Porém, foi nesse ambiente que ele lapidou aspectos técnicos importantíssimos: aprendeu sobre corte impecável, acabamento, proporção, e o ritmo lento e cuidadoso da alta-costura tradicional. Foi um momento de aprendizado silencioso, quase disciplinar, em que ele acumulou conhecimento formal que, mais tarde, usaria para desconstruir o próprio sistema.

Essa tensão entre forma e transgressão é um traço que marca toda sua obra: ele podia fazer um tailleur com a perfeição de uma Chanel, mas escolhia aplicar nele uma estampa de tatuagem, colocar em um corpo masculino, ou transformá-lo em uma armadura sexual.



O que ele levou dessas experiências?

Gaultier saiu dessas casas com uma convicção clara: não queria seguir as regras do sistema, mas precisava entendê-las profundamente para poder quebrá-las com autoridade. Ele teve contato com dois extremos:

  • Jacques Esterel: irreverência, teatralidade, estética pop, experimentação.

  • Jean Patou: tradição, técnica refinada, respeito à silhueta clássica, savoir-faire.

Essa formação híbrida — quase um paradoxo — fez dele o que foi: um estilista com mão de costureiro clássico e olhar de performer libertário. Ao fundar sua própria marca em 1981, Gaultier já carregava esse dualismo: fazia da técnica uma base para a provocação, da costura um campo de liberdade.

Em 1976, ele lançou sua primeira coleção própria sob seu nome. Embora essa coleção inicial não tenha recebido ampla atenção da mídia na época, ela estabeleceu as bases para o estilo irreverente e inovador que Gaultier desenvolveria ao longo dos anos seguintes.

Após experiências em casas de moda como Pierre Cardin, Jacques Esterel e Jean Patou, Gaultier decidiu lançar sua própria linha de prêt-à-porter. Sua abordagem única e provocadora começou a chamar a atenção de editores de moda influentes, como Melka Tréanton da Elle e Claude Brouet e Catherine Lardeur da Marie Claire francesa, que reconheceram sua criatividade e domínio do corte, ajudando a impulsionar sua carreira.

Embora detalhes específicos sobre as peças dessa coleção de 1976 sejam escassos, é sabido que Gaultier já demonstrava interesse em subverter normas de gênero e incorporar elementos da cultura de rua em suas criações. Ele utilizava materiais não convencionais e explorava silhuetas que desafiavam as convenções da moda da época.

Essa estreia estabeleceu Gaultier como uma figura emergente na moda francesa, preparando o terreno para suas futuras coleções que continuariam a desafiar e redefinir os padrões da indústria.

Mas foi em 1981 que fundou oficialmente a Jean Paul Gaultier S.A. com seu companheiro e sócio Pierre Cardin. Desde então, começou a desenvolver sua estética provocadora: kilts para homens, modelos com corpos fora do padrão da época, roupas de inspiração punk, lingerie como roupa de rua, navy com fetichismo... Gaultier era o estilista do inverso e da ousadia, trazendo a cultura de rua para as passarelas, invertendo gêneros e padrões.



O momento antes da fundação: o proto-Gaultier

Antes da fundação oficial da empresa, Jean Paul Gaultier já havia mostrado ao mundo, desde 1976, suas primeiras coleções com uma linguagem muito própria. Era o Gaultier cru, ainda sem estrutura empresarial, mas já criando peças que misturavam fetiche, ironia, cultura pop e técnicas da alta-costura.

Mas sua ascensão definitiva não se daria apenas pelo talento criativo — ele precisava de capital, estrutura, acesso à cadeia de produção e distribuição. A moda francesa, mesmo nos anos 1980, ainda era dominada por grandes maisons, e penetrar nesse sistema como estilista independente exigia um tipo de apoio raro.

É aí que entra Pierre Cardin.

Por que Pierre Cardin entrou nessa?

Cardin foi, acima de tudo, um homem de negócios e de futuro. Ele tinha sido um dos primeiros a perceber que o prêt-à-porter seria o novo campo da moda e que o estilista do futuro seria também um gestor de marca e cultura.

Ao ver o talento (e o potencial comercial) de Gaultier, ele entendeu que havia ali um criador capaz de romper com as lógicas estéticas e, ao mesmo tempo, criar desejo — o combustível do luxo. Mesmo tendo outras casas sob sua supervisão, Cardin topou investir na fundação da Jean Paul Gaultier S.A. como sócio majoritário (pelo menos inicialmente), fornecendo o capital inicial, a estrutura administrativa e acesso a canais de produção.

Para Cardin, isso representava duas coisas:

  • Posicionamento visionário: apoiar um novo talento irreverente era também uma forma de mostrar que ele continuava à frente de seu tempo.

  • Diversificação de portfólio: como um empresário que licenciava seu nome para dezenas de segmentos (de canetas a móveis), investir em um criador como Gaultier era também um novo ativo de alto valor simbólico.

O acordo: arte e capital

A Jean Paul Gaultier S.A. foi fundada como uma empresa independente, mas com o apoio de Cardin — que fornecia não apenas o investimento inicial, mas também a estrutura jurídica, contatos na indústria, fornecedores e até know-how administrativo.

Gaultier, por sua vez, manteve o controle criativo absoluto. Isso era crucial: ele não queria repetir os modelos engessados das grandes casas tradicionais. Sua ideia era criar uma marca que fosse extensão de seu universo pessoal, onde o streetwear pudesse conviver com a couture, e onde corpos, gêneros e símbolos fossem continuamente embaralhados.

O DNA da marca já estava claro desde o início:

  • Estética punk e trash-chic

  • Inspiração em subculturas urbanas, cultura queer, fetichismo, música pop

  • Brincadeira constante com normas de gênero

  • Uso irônico de ícones da moda clássica (como o corset ou o tailleur)

A empresa foi crescendo e ganhando notoriedade, principalmente a partir da segunda metade dos anos 80, quando suas coleções começaram a se tornar espetáculos midiáticos, com trilhas sonoras pulsantes, modelos "não convencionais", e styling irreverente.

Por que esse momento foi decisivo?

Porque foi a fundação de uma marca que não apenas fazia roupas, mas construía narrativas visuais sobre cultura, gênero, identidade e consumo. E Cardin, com seu olhar de empresário do futuro, foi o catalisador desse processo.

Jean Paul Gaultier usou essa estrutura para transformar sua visão em coleções icônicas que iriam desde a Marinière (a blusa listrada de marinheiro) até os corsets metálicos de Madonna. Sem o suporte inicial de Cardin, talvez a moda não tivesse acolhido esse outsider tão cedo — ou ele teria seguido um caminho mais marginal, como outros estilistas brilhantes que não conseguiram se firmar dentro do sistema.

Referências, influências e o culto ao "diferente"

Gaultier sempre foi um antropólogo da aparência. Inspirou-se nos punks de Londres, nas gueixas japonesas, nos marinheiros homoeróticos de Jean Genet, nos filmes de Pedro Almodóvar, nas dançarinas de cabaré, nas vestimentas dos povos africanos, nas roupas religiosas... Ele colecionava estéticas e as remixava com humor e inteligência. Não se limitava ao Ocidente: trouxe turbantes, caftãs, saris, trançados afro, tudo reinterpretado à sua maneira.

É impossível falar dele sem mencionar sua obsessão pela subversão de gênero. Muito antes das discussões contemporâneas sobre identidade, Gaultier já colocava homens de saia, mulheres musculosas, pessoas trans e modelos de todas as idades nas passarelas. Ele acreditava que a moda deveria refletir a diversidade do mundo.

Gaultier e a cultura pop: de Madonna à televisão

Se nos anos 80 ele já era um nome cultuado na moda parisiense, foi nos anos 90 que virou um ícone global. O auge dessa virada veio com a colaboração com Madonna: ele criou os figurinos da turnê Blond Ambition (1990), incluindo o icônico sutiã de cone que virou símbolo de empoderamento, fetichismo e ironia.

Também apresentou por anos o programa televisivo "Eurotrash" na TV britânica, mostrando o bizarro, o alternativo e o que ficava às margens do mainstream — a mesma filosofia que sempre aplicou às roupas.


A alta-costura, o perfume e o legado

Nos anos 2000, Gaultier passou a dedicar mais energia à alta-costura. Seus desfiles se tornaram espetáculos teatrais, onde desfilavam modelos-atriz, cantores, performers. Cada coleção parecia um manifesto estético — sobre o futuro, sobre a beleza negra, sobre o corpo gordo, sobre o barroco.

Ele também teve grande sucesso no mercado de perfumes, com o lançamento do icônico "Le Male" (1995), cuja embalagem — um busto masculino de marinheiro — virou ícone pop, assim como o feminino "Classique", com corpo feminino em corset. Ambos se tornaram sucessos comerciais que sustentaram sua marca por anos.

Agora, na Hermès

Antes de Gaultier, quem comandava a linha feminina da Hermès era Martin Margiela, entre 1997 e 2003. Ele atuava nos bastidores, sem nunca subir no final dos desfiles nem dar entrevistas — coerente com sua filosofia anônima e desconstrutiva. Durante sua gestão, Margiela manteve uma Hermès discreta, quase monástica, com um trabalho de luxo silencioso: matérias-primas raras, técnicas artesanais impecáveis, volumes contidos e um culto à pureza formal.

Quando Margiela saiu, a Hermès precisava continuar o processo de renovação iniciado com ele, mas queria mais visibilidade e impacto de marca. É aí que entra Jean Paul Gaultier, nome já consolidado na moda, com uma imagem pública forte, querido pelo público e pela imprensa — e dono de uma capacidade de criar desejo como poucos.

A escolha dele era surpreendente, sim, mas estratégica. A Hermès, que sempre foi símbolo de herança e savoir-faire francês, queria provar que podia ser moderna, sensual, e ainda assim, fiel às suas raízes. Gaultier era o homem certo para esse desafio.

Jean Paul Gaultier ocupou o cargo de diretor criativo da linha feminina da Hermès de 2003 até 2010, e seu trabalho ali foi uma aula de equilíbrio entre respeito e subversão. Ao contrário de seu trabalho na marca homônima — marcada por exageros, humor, teatralidade e provocações —, na Hermès ele foi mais contido, elegante e técnico, mas sem jamais perder sua assinatura.

Principais características da era Gaultier na Hermès:

  • Silhuetas de equitação com sensualidade feminina: Ele levou o universo equestre — coração simbólico da Hermès — e o reinventou com fluidez. Saias-lápis que lembravam selas, alças de couro que evocavam arreios, cinturas marcadas, botas longas e alfaiataria com cortes perfeitos.

  • Couro como segunda pele: Gaultier transformou o couro — material nobre da Hermès — em peças de roupa com movimento e delicadeza, coisa que poucos estilistas conseguiam fazer.

  • Humor discreto: Ainda que mais refinado, Gaultier incluía toques de ironia sutil — como echarpes transformadas em vestidos ou bolsas Kelly virando corpetes.

  • Sensualidade contida: A mulher Hermès de Gaultier era segura, adulta, misteriosa. Havia menos pele à mostra, mas uma tensão sexy nos detalhes, nas transparências e nas fendas inesperadas.

Gaultier soube usar toda a infraestrutura artesanal da Hermès em seu favor. Cada desfile era uma demonstração de domínio técnico — de corte, de matéria, de acabamento — e mostrava que sua fama de excêntrico não significava ausência de rigor. Ele educou um novo olhar para a Hermès: mais feminino, mais sexy, mas ainda profundamente ligado ao artesanato francês.

Ele provou ao mundo que não era apenas um "enfant terrible", mas um mestre da construção, da tradição e da sofisticação. Na Hermès, ele amadureceu como criador, refinou sua linguagem e consolidou-se como um dos poucos estilistas capazes de navegar entre o show e o silêncio — entre o espetáculo e o detalhe.

Essa passagem foi tão bem-sucedida que muitos a consideram um dos momentos de maior sofisticação da carreira de Gaultier. Inclusive, ao deixar o cargo em 2010 para se dedicar exclusivamente à sua própria marca (que estava crescendo no setor de perfumes e alta-costura), sua saída foi sentida tanto pela crítica quanto pelos consumidores da Hermès.

A aposentadoria das passarelas e o futuro do nome Gaultier

Em 2020, Jean Paul anunciou sua despedida das passarelas com um desfile histórico — uma celebração do seu legado. Mas seu nome segue vivo: a marca Jean Paul Gaultier continua existindo, com convidados especiais assinando novas coleções (como Chitose Abe da Sacai, Glenn Martens da Y/Project, e mais). Ele transformou a própria marca num laboratório colaborativo, sempre fiel à ideia de que a moda deve ser viva, pulsante e questionadora.

Jean Paul Gaultier cresceu entre agulhas, mulheres e imaginação. Criou um império sem seguir as regras da elite da moda. Fez do corpo uma plataforma de discurso político, do vestuário uma crítica social e da passarela um palco de liberdade. Seu maior feito talvez seja esse: ter nos mostrado que a beleza está no que nos diferencia, e a moda é uma forma de celebrar justamente isso.