Carnan e Clarks™

8 de out. de 2025

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Colaborações sempre marcam e transformam mercados, e não seria diferente por aqui. Carnan e Clarks™ anunciam a primeira parceria da marca inglesa na América Latina. Uma parceria que costura mapas, heranças e linguagens, colocando o Brasil no centro de uma narrativa global. A collab reinterpreta dois clássicos, Wallabee e Desert Trek, mas contando com o toque da marca Brasileira, levando camurça premium, sola de crepe e costuras que desenham o mapa do Brasil, traduzindo a tradição em um espírito que dialoga entre as culturas.

A campanha pulsa com música. Marcelo D2, Luiza Machado e Eryck Quirino são os protagonistas de uma história que mistura samba, hip hop, MPB e identidade. Assim como os Wallabees já acompanharam o hip-hop nos EUA, o reggae na Jamaica e o britpop no Reino Unido, agora caminham junto ao som brasileiro, em uma campanha que une passado, presente e futuro.

No dia 8 de outubro, a Ocupação Iboru recebe o evento de lançamento da collab. Os pares chegam ao mercado no dia 11, em quantidades limitadas.

Para marcar esse momento, convidamos a equipe da Carnan e os nomes envolvidos na campanha para responder algumas perguntas:

Paulo Carneiro, fundador da Carnan

⁠A Clarks nunca havia feito uma colaboração oficial na América Latina até agora. O que, na visão de vocês, tornou a Carnan a parceira certa para esse primeiro movimento?

Alguns dos nossos trabalhos despertaram o interesse de pessoas dentro da Clarks™, o que deu início à conversa. Além disso, sempre tivemos como missão projetar o Brasil no cenário global da moda, traduzindo nossa identidade e referências culturais em uma linguagem própria. Essa visão em comum com a Clarks™, de unir tradição e inovação, fez dessa parceria o passo natural para a primeira colaboração da marca na América Latina.

O Wallabee e o Desert Trek já são símbolos por si só da Clarks. Qual foi a maior dificuldade em reinterpretar dois clássicos sem se distanciar da essência já existente?

Mais do que uma dificuldade, o projeto exigiu atenção e respeito há algo que é tão representativo dentro da história da Clarks. Foi essencial preservar a silhueta e a essência que tornaram esses modelos ícones, ao mesmo tempo em que acrescentamos elementos que fossem genuínos e carregassem a mensagem que queríamos transmitir. O objetivo sempre foi criar camadas de significado, e não apenas uma intervenção estética.

De que forma essa colaboração se conecta com movimentos de longo prazo da Carnan? É um gesto isolado ou parte de uma estratégia contínua de internacionalização e reconhecimento do Brasil?

Este projeto é um capítulo dentro de um caminho maior que estamos construindo. Não se trata de um gesto isolado, mas de uma estratégia contínua para posicionar a Carnan e, por consequência, o Brasil como protagonista em um diálogo global sobre moda e cultura.

4.⁠ ⁠Música e brasilidade aparecem tanto na campanha quanto nos próprios calçados. O que motivou essa escolha de símbolos culturais e como evitaram cair em estereótipos previsíveis?

A música é uma das expressões mais autênticas do Brasil e reflete de forma natural nossa criatividade. Além disso, o movimento musical brasileiro é um dos mais reconhecidos do mundo, e enxergamos nele um paralelo com o que buscamos para a moda nacional: ganhar voz e espaço globalmente. Por isso convidamos Marcelo D2, Ericky Quirino e Luisa Machado para serem porta-vozes da campanha. Artistas que vivem e representam essa cultura em sua essência. A ideia foi mostrar brasilidade de maneira genuína, com sutileza e respeito, valorizando nossa identidade em vez de recorrer a estereótipos ou clichês.

Matteo Bellentani, representante Clarks

A Clarks tem uma história de mais de um século no Reino Unido e se tornou símbolo de diferentes movimentos culturais, do reggae ao britpop. O que significa para a marca reescrever essa história agora a partir do Brasil?

Espero que essa colaboração e a expansão da marca sejam apenas o começo de uma nova conexão entre a Clarks™ e o público e a moda brasileira.

O Brasil compartilha laços históricos, geográficos e culturais muito fortes com o Caribe, principalmente por suas raízes africanas em comum, visíveis na música e nas festas populares.

Esses são aspectos com os quais a Clarks™ também tem uma ligação profunda, especialmente com a Jamaica e a cultura rudeboy desde o fim dos anos 1950, sendo até hoje, provavelmente, a marca de calçados mais icônica desse universo.

No Brasil, existe uma admiração intensa pela cultura caribenha, incluindo o reggae e o movimento rastafári, que influenciaram cenas musicais locais como o reggae brasileiro e o som do Axé. Por isso, faz total sentido que a Clarks se conecte a essa relação histórica e evolua a partir dela.

O que levou a equipe da Clarksa escolher a Carnan para essa colaboração?

Na equipe da Clarks Originals™, estávamos muito interessados em observar como a Carnan estava ajudando a moldar a cena local emergente, com uma estética e uma linguagem de design muito próximas ao estilo da Clarks Originals™, especialmente sob a ótica do Wallabee.

Foi uma combinação perfeita os mocassins de camurça em looks casuais e bem construídos, alinhados à qualidade e aos detalhes superiores das roupas da marca.

Depois veio a collab da Carnan com a Asics no Gel Quantum 360 marrom, que teve uma repercussão global forte. Eu consegui um par e fiquei impressionado desde a embalagem (insana) até a paleta de cores, muito terrosa e casual, mesmo sendo um tênis bastante técnico.

Como tínhamos um amigo em comum, nos conectamos e decidimos juntos qual seria a melhor forma de iniciar um projeto colaborativo.

A campanha é toda atravessada pela música. De onde vem a conexão entre a música brasileira e a tradição centenária da Clarks™?

Acho que quando falamos de música, estamos falando de uma das formas mais fortes de arte e tradição que um país pode expressar e fazer evoluir com o tempo, de geração em geração, de uma subcultura para outra.

Nesse sentido, o Brasil tem uma presença impressionante na cena musical global.

É isso que também tentamos fazer com a Clarks™, uma marca com 200 anos de história (e não uma marca “de 200 anos”, como gosto de frisar), que se tornou a número um em representar movimentos musicais como o dancehall, o britpop e o hip hop da costa leste dos anos 1990, com colaborações com Liam Gallagher, Ghostface Killah, Popcaan e Vybz Kartel.

Essa ligação continua a evoluir, acompanhando novas tendências, novos artistas e novos públicos, sendo reinterpretada de formas diferentes, com a música servindo como um veículo importante, assim como acontece com outras marcas.

A conexão com a música permite autenticidade, porque não pode ser fabricada. É uma expressão verdadeira da marca dentro da cultura e das pessoas.

LUIZA MACHADO E MARCELO D2

Vocês são parte de uma geração que conecta música, moda e identidade. O que significou estar em uma campanha que coloca o Brasil no centro dessa conversa Global?

Para a gente, em todos os nossos trabalhos, é muito importante a moda enquanto plataforma para se manifestar. Acho que a moda brasileira está passando, principalmente a urban wear, está passando por um momento muito especial e é muito legal participar disso.

A moda muitas vezes atua como extensão da identidade pessoal. O que esses calçados representam para vocês em termos de estilo e expressão?

A gente concorda 100%, né, que a moda é uma extensão da nossa identidade pessoal. Inclusive, eu e o Marcelo usamos muito isso e fazer parte dessa campanha ajuda a gente nessa comunicação, né? Coloca a gente dentro da cultura que a gente acredita, que a gente vivencia também.

Vocês acreditam que esse encontro entre tradição e reinvenção dialoga com a forma como vocês constroem música hoje?

100%, tá ligado? A gente tem usado muito a metáfora do arco e flecha, quanto mais puxar lá atrás, mais lá na frente a gente vai acertar. Eu acho que esses pequenos detalhes, essas coisas é que fazem uma grande obra, assim, sabe? Uma empresa como a Clarks™, que é super ligada à música, e uma marca nova, né, cara, como a Carnan, fazem parte de tudo isso que a gente acredita, sabe, essa ligação entre esses dois elos, é que pra mim, eu acho que vai fazer, lá no futuro, faz uma grande mudança.

ERYCK QUIRINO

Vocês são parte de uma geração que conecta música, moda e identidade. O que significou estar em uma campanha que coloca o Brasil no centro dessa conversa Global?

O Brasil é um país de muita expressão identitária em várias áreas e conhecido no mundo em vários pontos. Então, tem aí o país do futebol, tem também o nosso conhecimento mundial no cinema, com nossos filmes, a nossa estética. E, sem dúvida, a música é uma que pode ser colocada mais em evidência.

Então, estar participando de uma campanha global junto da Clarks™ e da Carnan e ser um expoente da música como identidade, como cultura mesmo, é colocar em evidência tudo o que o Brasil produz a partir da sua identidade. A identidade da rua, a identidade de um povo. Então, falando do Rio de Janeiro, o rap, o samba, a identidade da rua, a identidade que vem do povo periférico.

Então, poder estar colocando isso em evidência numa campanha, sem dúvida, é um marco para a nossa geração.

A moda muitas vezes atua como extensão da identidade pessoal. O que esses calçados representam para vocês em termos de estilo e expressão?

O samba, dentro da sua expressão, tem muito da sua identidade pessoal, né? Então você pega na história do samba a forma que os grandes mestres se vestiam, a forma que os velhas guardas também, os mestres de bateria, baiana.

Dentro da cultura de escola de samba e o samba urbano, são bem alinhados nessa linha, nesse mesmo termo de passar à frente o seu legado e deixar a sua história através do advertimento, através da letra e através da sua música. Então fazer parte também dessa identidade mundial que o Parques tem, tanto na Jamaica como na Inglaterra, é sem dúvida o que conecta aqui no Brasil nessa mesma linhagem de deixar uma história e passar um legado à frente.

Então poder fazer parte de um estilo que é passado de pai para filho, sem dúvida que conecta a mesma linha que no Brasil a gente pode dizer com a linha do samba. Que é um legado que se carrega de pai para filho e vai se levando à frente com a cultura que tem dentro da escola de samba e do samba urbano.

Eu sou um expoente de samba passado de pai e de avô para pai e para filho, e com o Carques no pé, sem dúvida, eu fico com o mesmo sentimento de ter recebido um instrumento do meu avô pela primeira vez. É um legado que quero deixar de pai para filho, netos e assim vai.

Vocês acreditam que esse encontro entre tradição e reinvenção dialoga com a forma como vocês constroem música hoje?

Sem dúvida, eu que venho de uma cultura do samba, uma cultura centenária, uma expressão de samba, tanto de escola de samba, como de samba urbano, que é feita há mais de 100 anos, e dentro disso vem uma reinvenção a todo momento, não é? Então, hoje poder estar construindo a nossa própria identidade em cima desse legado, em cima do legado que existe do samba, o legado que os mais velhos deixaram, é sempre estar conseguindo fazer o passeio entre o passado e o futuro, dando aquele passo atrás para dar dois à frente. E isso está muito presente na música que a gente faz hoje no Brasil. E sem essa conexão, eu posso te dizer que seria impossível a gente conseguir construir uma identidade tanto na nossa música como na nossa moda.

Assistente de redação

Assistente de redação