Léo Batista: a voz que marcou gerações no rádio e na TV

13 de fev. de 2025

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Hoje comemoramos o Dia Mundial do Rádio e, certamente, é impossível não lembrar de Léo Batista - um dos maiores nomes da comunicação brasileira. Com uma carreira que atravessou décadas, sua voz inconfundível ecoou pelo rádio antes de se tornar uma referência na televisão. Mais do que um apresentador, ele foi um contador de histórias, acompanhando as transformações da mídia e deixando um legado inestimável no jornalismo esportivo. Infelizmente, Léo nos deixou no mês passado, mas seu legado - e o rádio - continuam vivos.

Neste dia especial, revisitamos sua trajetória e sua importância para a comunicação no Brasil.

João Baptista Bellinaso Neto nasceu em Cordeirópolis, no interior de São Paulo, em 22 de julho de 1932. Filho de imigrantes italiano, seu pseudônimo veio do nome da sua irmã, Leonilda - “ela que tem horror ao nome dela, Leonilda, e que a gente só chama de Nilda. Peguei o “Léo” dela, deixei de lado o João Bellinaso Neto, e virei Léo Batista" — afirma Léo.

Ele começou ainda adolescente no serviço de alto-falantes na sua cidade e, foi em 1947, apenas com 15 anos, que estreou ao microfone. Leu um anúncio, apresentou uma música e logo estava transmitindo notícias locais. O trabalho não era bem visto pelo pai, mas foi seu primo que o convenceu - afinal, seria pago por isso.

O início no rádio

Seis meses depois, recebeu convite de Domingos Lote Neto para fazer um teste na Rádio Clube de Birigui, recém-inaugurada. Foi contratado e lá transmitiu partidas de futebol, 7 de setembro e programas de auditório, como “Clube da Alegria” - com Hebe Camargo.

Já em Piracicaba, trabalhou na Rádio Difusora. Na época, o time local (XV de Novembro) tinha subido para a primeira divisão do Paulistão e estava procurando um locutor. Léo então passou a narrar os jogos. Logo depois, veio Pacaembu, Vila Belmiro.

Em 1952, apenas 5 anos após seu começo, foi ao Rio de Janeiro para concorrer a uma vaga na Rádio Clube do Brasil, mas acabou sendo contratado pela Rádio Globo - para trabalhar como locutor e redator de notícias no “O Globo no Ar?”. Sua estreia se deu numa partida entre Bonsucesso e São Cristóvão, no icônico Maracanã.

Depois da edição de 1950, Léo participou de todas as Copas do Mundo. As Olimpíadas e os Jogos Pan-Americanos também não ficaram de fora.

Léo foi um dos que transmitiram o primeiro jogo da carreira de Mané Garrinha em 1953. E claro, entrou pra história no ano seguinte, em 1954, quando foi o primeiro radialista a noticiar o suicídio de Getúlio Vargas.

A mudança para a televisão

No ano seguinte, em 1955, ele mudou para a televisão - TV Rio - onde comandou por 13 anos o Telejornal Pirelli, um dos noticiários de maior sucesso na tv. Chegou à Globo somente em 1970, como freelancer, para compor a equipe esportiva da TV Globo, que mandara seus principais nomes para cobrir a Copa do Mundo, no México.

Depois de substituir Cid Moreira em uma edição do Jornal Nacional, Léo obteve boas respostas e, contratado, chegou a apresentar as edições de sábado no JN. Em 1971, inaugurou na emissora o Jornal Hoje, ao lado de Luís Jatobá e Márcia Mendes. Em 1978, criou o Globo Esporte, programa esportivo.

A primeira Olimpíada

Por sua capacidade de adaptação, Léo foi escolhido por Julio de Lamare para integrar a equipe exclusiva da TV Globo nas Olimpíadas de Munique, em 1972. Em Madri, ele era o âncora da cobertura na Globo e trazia, ao lado de Julio, boletins diários da competição.

Como se não bastasse o feito de estar estreando um novo formato na televisão, Léo teve que noticiar o atentado terrorista que marcaria a história dos Jogos. “Estes atletas chegaram dos quatro cantos do mundo. Vieram disputar uma olimpíada sem igual, onde o terror e a tragédia ameaçaram acabar definitivamente com os Jogos. Mas os grandes feitos esportivos superaram a ação violenta de um pequeno grupo de fanáticos e reativaram o ideal olímpico: a união dos povos através do esporte”, dizia o boletim de Léo. Onze integrantes da equipe olímpica de Israel foram feitos reféns e assassinados pelo grupo terrorista Setembro Negro.

É claro, os boletins de resumo das competições fizeram sucesso e despertaram o interesse do público para outros esportes numa época em que se era consumido basicamente futebol. As Olimpíadas mudaram a ideia de esporte no Brasil.

Boxe, surfe e Fórmula 1

Sua versatilidade marcou sua narração em diversos esportes. Foi no programa “Panorama do Boxe Brasileiro”, da TV Rio, que ajudou a construir a imagem da lenda Éder Jofre, um dos maiores pugilistas da história, ainda nos anos 50.