O que seu voto pode fazer pela cultura?
Você que está lendo isso, provavelmente curte música, filme, arte, festas, danças, religiosidade, crenças, lendas e mitos, arquitetura, artesanato, comidas típicas e diversas outras expressões artísticas e culturais. E por estarmos em mais um ano de eleição, dessa vez municipal, queremos conversar sobre como política, e principalmente seu voto, pode influenciar na valorização da nossa arte e da nossa rica e diversa cultura.
A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Ciência, a Educação e a Cultura) formulou a seguinte definição de cultura:
O complexo integral de distintos traços espirituais, materiais, intelectuais e emocionais que caracterizam uma sociedade ou grupo social. Ela inclui não apenas as artes e as letras, mas também modos de vida, os direitos fundamentais do ser humano, sistemas de valores, tradições e crenças.
Ou seja, é aquilo que nos faz humanos, que representa o que somos e de onde viemos. E por causa do seu papel de representatividade e inclusão, ela é tão importante
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Hoje vivemos em um ritmo frenético, incentivados a trabalhar em larga escala e sempre estar correndo atrás de algo, seja pela provação de sucesso ou para sobreviver. Assim, quando preocupações do cotidiano tomam boa parte do nosso tempo, o que nos auxilia a distrair, a nos divertir, a ter novas percepções, novos conhecimentos, a pertencer e levar a vida mais tranquila é o universo de experiências e vivências que a cultura nos traz.
Saúde, educação e segurança são claros pilares para qualidade de vida, mas cultura, e todos seus aspectos, é um pilar tão importante quanto os outros e assim, é também um direito (previsto em Constituição Federal, Art. 215) que todos nós temos e que merece ser reivindicado.
Porém se tratando de um dos países mais desiguais do mundo é evidente que além de valorizar nossa cultura e nossa arte, devemos buscar que tenham o máximo de acessibilidade e democratização possível, para que todos possam ter o prazer de desfrutar e aproveitar, sem tornar isso um privilégio para poucos.
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Por que quem aqui de nós não curte um show? Quem não gosta de ir no cinema? Colar em festas, festivais, uma dança? Ver foto maneira numa exposição, numa feira, num museu? Ler um bom livro ou ouvir uma poesia? Com certeza você sabe o quão maneiro isso é, e é por isso que todes merecem ter esses momentos.
Mas de acordo com o IBGE, as cidades mais ricas do país são responsáveis por cerca de 40% de todo o consumo cultural e 72,3% dos municípios brasileiros não apresentam nenhum tipo de exibição. Assim, essa falta de incentivo gera desinteresse e reforça ainda mais essa desigualdade, onde apenas 13% dos brasileiros vão ao cinema alguma vez no ano, 78% nunca assistiram a um espetáculo de dança e 73% dos livros estão concentrados nas mãos de apenas 16% da população.
Fora o lado da vivência individual e coletiva da cultura, elas nos traz um aspecto importantíssimo que é a geração de emprego e renda. Segundo estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN), as atividades culturais e criativas geram 2,64% do PIB brasileiro e são responsáveis por mais de um milhão de empregos formais diretos. Então valorizar nossa cultura é também valorizar o nosso trampo.
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E como candidatos e candidatas entram nessa história? O que podem fazer?
Bom, primeiro vamos resumidamente esclarecer a função de cada um. Começando pelos vereadores e vereadoras, sua função é de representar a população, suas necessidade e interesses. Para isso o vereador tem a responsabilidade de criar, extinguir e emendar leis, da maneira que ele julgar que seja mais adequada ao interesse público, além de também fiscalizar ações do próprio prefeito.
Já o prefeito ou prefeita eleita tem o dever de administrar os recursos do município, definir onde investir seu orçamento, além de sancionar ou vetar leis e até propor projetos para aprovação da câmara municipal.
Em conjunto, podem então:
criar leis que incentivem investimento à cultura;
criar programas de acesso e valorização local
criar espaços e infraestruturas para realização de iniciativas e ações culturais,
além de criar e fomentar fundos destinados a esses investimentos.
O mais importante é fazer com que todo esse planejamento gere acessibilidade a todes da cidade, identificando e valorizando a cultura de cada região. Então não tem esse papo de “levar cultura” para periferia ou pro interior do país. Cada bairro, cada comunidade, cada cidade já tem sua própria cultura, sua própria história, sua própria arte.
O que nossos "queridos" políticos podem (e devem) fazer é criar um ambiente propício para consumo dos diversos aspectos da cultura. E nesse sentido, criatividade é o que não pode faltar, porque existem infinitas possibilidades de incentivar e valorizar a cultura de um local, basta querer.
E nós como cidadãos podemos contribuir para isso utilizando nosso poder de voto, elegendo políticos e políticas que tenham compromisso com o bem estar comum de todos e tenham real proposta para realizar isso. Então aproveita pra dar um google no seu candidate e verificar o que planejam realizar caso seja eleito, depois é só cobrar para que cumpram suas famosas promessas de eleição.