Conheça Katahirine, a primeira rede de cineastas mulheres indígenas do Brasil

Reunindo 71 mulheres de 32 etnias – entre elas, nomes já consagrados como Graci Guarani, professora do curso Mulheres Indígenas e Novas Mídias Sociais –  da Invisibilidade ao Acesso aos Direitos (ONU Mulheres Brasil).e Olinda Wanderley Yawar Tupinambá, de Falas Da Terra, da TV Globo, documentário que a levou para diversos festivais no mundo, nasce Katarhrine, a primeira rede de mulheres indígenas que se dedicam a produções audiovisuais.

O lançamento da Rede aconteceu em 29/04, em uma live no canal do Instituto Catitu no YouTube, com participação da Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.

O projeto é composto não só por profissionais do audiovisual, mas também comunicação. Seu principal objetivo é fortalecer a luta dos povos originários por meio do cinema. A rede nasce a partir da atuação do Instituto Catitu, uma associação sem fins lucrativos que fomenta projetos culturais e ambientais junto às comunidades indígenas, e começa a tomar forma com um mapeamento inédito das cineastas indígenas no Brasil.

“O audiovisual tem sido uma ferramenta de luta das mulheres indígenas. As produções cinematográficas têm contribuído para que elas reivindicam direitos, denunciem retrocessos e ocupem seu espaço na sociedade indígena e não indígena”, conta Mari Corrêa, diretora do Instituto Catitu, responsável pela coordenação do projeto.

Katahirine é uma palavra da etnia Manchineri que significa constelação, refletindo pluralidade, conexão e a união de mulheres diversas que se apoiam e autopromovem. Dessa constelação participam indígenas de diversos biomas,  regiões e povos que se unem para fortalecer a luta dos povos originários por meio da sétima arte.

“Construir esse coletivo é fundamental para as lutas do movimento das mulheres originárias e seus povos”, é contado no texto de apresentação da Rede escrito pelas mulheres de seu Conselho Curador. 

A primeira iniciativa é o site www.katahirine.org.br, que foi lançado também no dia 29/04, uma plataforma onde cada cineasta terá uma página com seu perfil, biografia e suas produções. Futuramente, a rede planeja promover encontros entre as realizadoras de todo o país e organizar mostras. 

Natuyu Txicão, do povo Ikpeng, mora na Terra Indígena Xingu. Crédito: Suely Maxakali

A Katahirine atuará também no desenvolvimento de estratégias de fortalecimento do audiovisual indígena e na proposição de políticas públicas que atendam a produção do cinema feito pelas mulheres indígenas.

“Nosso trabalho aborda questões centrais dos nossos povos, como a recuperação das memórias históricas, a reafirmação das identidades étnicas, a valorização dos conhecimentos tradicionais, das línguas e do papel das mulheres nas nossas sociedades”, explica o texto de apresentação da Rede.

O Conselho da Rede é formado majoritariamente por mulheres cineastas e pesquisadoras indígenas de diferentes etnias. Dele participam atualmente as cineastas indígenas Graciela Guarani, da etnia Guarani Kaiowá, Patrícia Ferreira Pará Yxapy, da etnia Mbyá-Guarani, Olinda Wanderley Yawar Tupinambá, da etnia Tupinambá/Pataxó Hã-Hã-Hãe e Vanúzia Bomfim Vieira, do povo Pataxó. Fazem parte também Mari Corrêa, cineasta e diretora do Instituto Catitu, Sophia Pinheiro, artista visual e cineasta e a jornalista Helena Corezomaé, jornalista da etnia Balatiponé.

A produção audiovisual indígena é uma forma de resistência contra a marginalização e a exclusão dos povos indígenas. Ela ajuda a dar visibilidade e voz aos povos, mostrando suas realidades, desafios e lutas. Sendo importante para a preservação da identidade e para a luta contra a apropriação cultural.

Crédito: Suely Maxakali

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