Moda sustentável e consumo consciente

Em meio ao crescimento da urbanização e o ritmo acelerado das cidades, vemos o aumento de um movimento da moda que prioriza o material a ser utilizado na produção ao invés do tempo super acelerado para produzir peças de qualidade inferior e por meio de mão de obra barata.

A moda sustentável surgiu como uma resposta à crescente preocupação ambiental e social em relação aos impactos da indústria da moda no meio ambiente e na vida das pessoas. O conceito de moda sustentável começou a ser discutido no final dos anos 80 e início dos anos 90, em meio a uma crescente conscientização sobre estas questões.

Nesse período, surgiram movimentos e organizações que buscavam incentivar a produção e o consumo responsáveis, como o movimento slow fashion, que defende a valorização da produção artesanal, a utilização de materiais orgânicos e reciclados, e o consumo consciente de roupas e acessórios.

Ao longo das décadas seguintes, a moda sustentável foi ganhando cada vez mais espaço no mundo da moda, com a criação de novas marcas e iniciativas que buscavam promover a produção e o consumo sustentáveis. Atualmente, a sustentabilidade é uma tendência crescente no mercado da moda, com muitas marcas e designers que adotam práticas sustentáveis em sua produção, atraindo um público cada vez mais consciente e engajado em relação às questões ambientais e sociais.

No Brasil, existem marcas como a Vicunha, reconhecida mundialmente pelos elevados padrões de qualidade e sustentabilidade, é uma multinacional brasileira presente na América Latina, Europa e Ásia. Com mais de 50 anos no mercado e sendo referência global em soluções jeanswear, atuando com tecidos denim e brim.

A moda sustentável é de extrema importância atualmente, pois é uma forma de lidar com a crise ambiental e social que enfrentamos. O setor da moda é conhecido por ser um dos mais poluentes do mundo; de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a indústria da moda é responsável por 8% dos gases do efeito estufa e por 20% do desperdício de água no mundo. Apenas para uma peça de jeans são gastos cerca de 7.500 litros de água. Além disso, a indústria da moda também tem um histórico de exploração da mão de obra, especialmente em países em desenvolvimento.

Segundo levantamento publicado pela Global Fashion Agenda, uma organização sem fins lucrativos, mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartados recentemente. A estimativa é de um aumento de 60%, ou mais de 140 milhões de toneladas nos próximos oito anos.

A preocupação com o setor da moda vai além da produção poluidora. O alto consumo da população é um fator importante para essa produção extrema. Funciona como um ciclo, quanto mais existe um alto consumo pela sociedade, mais a indústria produzirá de forma constante. Para acompanhar as tendências e lucrar através delas, grandes marcas buscam utilizar materiais simples.

Já que as tendências sempre mudam, não tem motivo pra investir tanto com tecidos né?

Errado, é exatamente por isso que existe uma preocupação com as atitudes tomadas pela indústria com o que é feito para reduzir os impactos sociais e ambientais no mundo da moda. Como consumidor, é necessário estar atento aos seus próprios padrões de consumo para evitar comprar com marcas que não se preocupam com o ciclo de suas peças.

Cabe ao consumidor avaliar as suas possibilidades financeiras e, se puder, preferir aquele produto que seja melhor para ele, para a sociedade e para o meio ambiente. Brechós e roupas usadas online, em sites como OLX e Enjoei, são uma boa alternativa, mas estamos presenciando cada vez mais a popularização de marcas independentes que oferecem produtos sustentáveis a um preço justo, com bom custo-benefício.

Felipe Seffrin, coordenador de comunicação do Instituto Akatu.

Pesquisas apontam que a geração Z já surge com uma consciência ambiental maior que as gerações anteriores e é grande adepta de brechós e itens de segunda mão. Isso aponta para um futuro favorável para esse tipo de comércio, que tende a crescer.

Uma das dicas para quem quer começar a aplicar a sustentabilidade na moda é olhar de uma forma diferente para as peças que já possui, usando a criatividade da melhor maneira possível. Afinal, a roupa mais sustentável é aquela já criada, sem a necessidade de que outras milhares de peças sejam feitas de forma frenética.

Lixão de roupas no deserto do Atacama, Chile — Foto: Martin Bernetti/AFP

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