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A medida em que eu descia a rua Frei Caneca, me dei conta de que seria a primeira vez que entrevistaria uma modelo. Logo pela manhã, o calor estava forte e a luz do sol também – contrariando totalmente a previsão do tempo do dia anterior. Logo que cheguei no local combinado, dei de cara com um prédio que fez parte da minha vida por um bom tempo. Toquei o interfone e segui rumo ao 18º andar. Em um apartamento familiar, Pietra nos recepcionou com gentileza e ofereceu a toda a equipe um copo de água gelada antes de iniciarmos as atividades naquele dia quente.
Escolhemos a roupa e começamos a fotografar dentro do apartamento, aproveitando a luz que incidia pela janela e a sombra projetada no chão. Depois de alguns cliques, fomos para a escada do prédio, onde estava mais claro e com mais possibilidades. Pietra mostrou estar bem à vontade enquanto trocava de acting a cada clique, aproveitando degraus e corrimão para posar livremente.
Radicada em Primavera, uma cidade no interior de SP com pouco mais de 19 mil habitantes, Pietra se mudou para a capital em 2017 para trabalhar como modelo. Quando tinha 16 anos, foi chamada pela Squad para integrar o casting da agência. No começo, o trabalho exigia que a modelo viajasse diversas vezes para realizar testes fora da cidade que habitava. Para bancar as despesas de várias idas e vindas, Pietra fazia bicos como babá.
Perto de terminar o ensino médio, a confusão de morar em um local onde não conseguia encontrar referências para o estilo de vida que levava começou a falar cada vez mais alto. Logo após ter se formado, Pietra veio às pressas para São Paulo com o dinheiro que conseguiu juntar. “Passei vários perrengues, mas fui abrigada um tempão por um amigo que me ajudou a conhecer bastante coisa daqui.”.
A cidade de São Paulo pode ser comum para quem vive aqui todos os dias, mas quem vem de fora logo percebe o seu ritmo desenfreado. “O dia aqui passa muito rápido e parece que as pessoas sempre estão com pressa. Tive que aprender a ter malícia pra tudo e com todos. Ainda é complicado. Aprendi a me organizar melhor também.” A agitação e o comportamento das pessoas fizeram com que Pietra, natural de Maringá, tivesse um pouco de dificuldade para se acostumar a nova rotina.
“Desde que me mudei, sinto que aqui [em São Paulo] é cada um por si. Eu acabei criando uma casca para conseguir me virar sem a minha família por perto, já que eram eles que sempre me confortaram. Hoje, acredito que, além deles, a minha independência e o trabalho me deixam mais tranquila.”
– Pietra Abreu
Um dos primeiros locais que a modelo visitou em São Paulo foi o centro da cidade, especificamente o bairro da Liberdade. Os mercados japoneses da rua Galvão Bueno, logo ao lado do metrô, são os preferidos. Enquanto fotografávamos na vizinhança, Pietra foi abordada gentilmente por uma mulher que a reconheceu passando pela calçada.
Pietra não gosta de ficar a toa. Quando não está trabalhando, a modelo usa o tempo livre para ver as amigas, malhar, escrever e visitar lugares que ainda não conhece. Os passeios gastronômicos pela cidade estão na lista de coisas a fazer. Perguntei sobre as visitas a cidade em que morava: “Eu vou para Primavera visitar meus pais de vez em quando. Apesar de ter uma rotina flexível, eu não consigo ir sempre que quero.”. Sobre saudade, Pietra conta que sente falta da família e amigos, mas não da cidade em si.
Hoje, com apenas 20 anos, as ambições de Pietra não param. Quando a questionei sobre o que ela planeja para o futuro, a resposta foi clara: “Agora quero focar em TV e fazer alguns trabalhos fora do país”, disse a modelo. “Tive a experiência de morar seis meses nos Estados Unidos, mas acabei não trabalhando por lá. Dessa vez, quero ir para visitar agências e fazer eu mesma as pontes. Estou ansiosa com os trabalhos que ainda virão e feliz por tudo o que está acontecendo!”.
