A significância cultural do boné 59FIFTY

26 de jul. de 2022

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É indiscutível que o modelo de boné da New Era 59FIFTY é um coringa como acessório e que cai bem em diversos looks e ocasiões. Além disso, o boné carrega consigo uma relevância exponencial dentro do cenário cultural e do esporte nos Estado Unidos, sendo hoje, um item que atrai a atenção para colaborações de diversos designers e marcas de todos os cantos do mundo.

Fundada em 1920 por um imigrante alemão chamado Ehrhardt Koch, a New Era começou seu trabalho fabricando bonés de lã, em seu primeiro ano produziu 60.000 bonés estilo Gatsby. Após mais de uma década de inauguração, a marca sofreu com a falta de demanda do boné da moda e foi então que em 1932, o filho de Ehrhardt, Harold, se juntou a ele no negócio. Percebendo que o beisebol profissional estava crescendo em popularidade, decidiram trazer um novo produto para o mercado - o boné de beisebol. O primeiro boné de beisebol profissional da New Era foi produzido em 1934 para os uniformes do Cleveland Indians.

A Segunda Guerra Mundial foi um período difícil para a New Era e trouxe grandes dificuldades para a fabricação dos seus bonés devido a falta de tecido, porém, os Koch eram engenhosos e resilientes, logo encontraram o material que precisavam em abundância no distrito têxtil da cidade de Nova York. Durante esse período os tecidos foram tingidos na máquina de lavar roupa para combinar com as cores das equipes locais.

Depois de anos de desenvolvimento, em 1954 a New Era lança o modelo 59FIFTY com um design revolucionário. Nesta época, a New Era fornecia bonés para 16 times da liga profissional de beisebol e, embora não tenham sido lançados ao público até meados da década de 1980, com o passar do tempo, as réplicas começaram a surgir à medida que as pessoas passaram a entender o conceito do produto. O boné começou a ser usado como símbolo de orgulho, tanto da cidade em que moravam quanto do time torciam. O beisebol rapidamente se tornou um dos maiores esportes da América e a década de 1990 marcou um período crucial para a New Era e seus 59FIFTY, sendo nomeada fornecedora exclusiva da Major League Baseball em 1993.

Depois do artista Spike Lee ser fotografado com um boné dos Yankees personalizado com a cor vermelha durante a World Series, o modelo explodiu em popularidade e o público implorou para que a marca comercializasse bonés de diferentes cores e bordados. Ao integrar a personalização, a New Era permitiu que os consumidores comunicassem não apenas seus valores coletivos, mas também sua identidade pessoal através da escolha de cores. 

Não demorou muito para que o 59FIFTY dominasse o gosto de outras subculturas, especialmente a cultura hip hop, que se atraiu pelo modelo não só pela simbologia que o acessório tinha no esporte mas também por um contexto estético. Sendo usado por grandes nomes como 50 Cent, Jay-Z, Aaliyah e Eazy-E, o modelo se tornou querido na cultura hip hop. Essa relação só tornou ainda mais intensa e significativa com o modelo dos NY Yankees, que se tornou indispensável juntamente com calças jeans e Timberland.

Este conceito do 59FIFTY como um artefato cultural foi ainda mais afirmado quando a MoMA incluiu o NY Yankees 59FIFTY como parte da exposição "Is Fashion Modern", que apresentou 111 itens que moldaram a cultura moderna, um testemunho não apenas da influência da cultura esportiva, mas da capacidade do boné se tornar um marco histórico. 



Hoje em dia, o 59FIFTY transcendeu o beisebol, disponível praticamente para qualquer time esportivo autorizado, em diversas cores e tamanhos. A indústria capitalizou e percebeu o apelo histórico onipresente do boné, marcas como Aimé Leon Dore, Fear of God e Off White criando suas próprias intervenções sobre o modelo. Embora antes o boné fosse direcionado aos fãs de beisebol, os consumidores agora compram o item sem interesse algum pelo esporte, simplesmente por influencia ou apreço ao apelo estético. Andando nas ruas nos dias de hoje no Brasil, por exemplo, pode-se identificar 10 pessoas diferentes usando 59FIFTY por 10 razões diferentes.



Texto/Pesquisa: Vitor Queiroz