Arte, Cidade e Cultura: Como Ívanno resgata a identidade visual do Brasil

25 de mar. de 2025

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Das vivências entre Recife e Rio, Ívanno absorveu a cultura nordestina e o ritmo das ruas além da potência do design como forma de expressão. Com enfoque na ocupação artística de espaços urbanos com trabalhos que misturam design, arte e identidade brasileira, Ívanno vem trazendo uma abordagem autêntica e marcante para a cena visual.

Além de exposições, ele ainda está envolvido em projetos editoriais e colaborações com marcas e artistas que têm um olhar singular sobre a cultura visual do Brasil. Seu objetivo é a expansão do alcance do design brasileiro para além dos espaços tradicionais, mostrando que a nossa identidade gráfica pode, também, ser referência global.

Conversamos com Ívanno sobre suas inspirações, processos criativos e o impacto de sua arte na paisagem urbana. Confira abaixo:

  • Você nasceu em Recife e cresceu no interior do Rio de Janeiro - como as experiências nesses lugares moldaram seu trabalho artístico?

Acredito que antes de moldar meu trabalho como designer, depois como artista, moldou minha humanidade e sensibilidade de entender o que realmente me fazia ser gente. A experiência de crescer nas margens suburbanas de duas ex-capitais do Brasil me fez estar rodeado de conflitos e bom gosto ao longo de toda minha vida.

Em Recife, cresci nos arredores dos mangues do Ibura de Baixo e foi lá que conheci o valor da cultura. Diria que quando se nasce no nordeste, é impossível não se sentir profundamente impactado pela cultura local, pelos sabores, sonoridades, texturas sociais e pelo orgulho de ser nordestino. Até hoje lembro como eram animadas as viradas de ano embaladas por Gonzaga, Elba Ramalho, Alceu Valença e Padre Zezinho pelas esquinas. O padre é mineiro, mas muito presente nas casas cristãs nordestinas. Além dos clássicos, muito forró de toda qualidade também rolava. Lembro também como o bonde da La Ursa me causava medo e esplendor quando passavam do outro lado da grade da casa de Vovó Zefinha e Vovô Manoel aos brados de “A La Ursa quer dinheiro, quem não dá é pirangueiro”. Meu pai, sabendo do meu medo e fascínio, me entregava dois reais e, aos empurrões festejantes, incentivava que eu passasse o dinheiro pela grade, me encorajando a não ser o pirangueiro da vez, livrando pelas minhas mãos nossa família da arruaça carnavalesca que acontecia em frente a nossa porta. Em posse do dinheiro, a La Ursa e seu cortejo nos deixavam, sem represálias, em busca de novas vítimas para sua alegria de carnaval. O famoso cuscuz, por exemplo, que foi a primeira comida sólida que ingeri na vida, ainda é a base da minha alimentação diária, minha comida favorita, o ouro nordestino.

No Rio, mais um migrante recifense enraizado nas ruas e favelas da “cidade maravilhosa”, igual meu mestre Bezerra da Silva. Se você reparar bem, as favelas do Rio de Janeiro são repletas de nordestinos. Nós fizemos muito por essa cidade, nossos corpos ainda erguem a ponte Rio-Niterói. Vim pra cá com meu núcleo familiar super reduzido: apenas meu pai, minha mãe, meu irmão e eu, afim de fazermos nossa vida no sudeste, onde na década de 90 ainda acreditava-se que era o lugar onde as coisas aconteciam no Brasil. Pelo menos, era no que meus pais acreditavam. Não estavam errados, os holofotes do mundo sobre o Brasil ainda se mantém no eixo Rio-São Paulo. Quando viemos pra cá, passamos primeiro um período em Nova Iguaçu e depois atravessamos a cidade para chegarmos até o Conjunto Habitacional da Reta, ou BNH da Reta, Retolândia para os íntimos (em Itaboraí), onde passei toda minha infância e adolescência. Nesse período, passávamos nossas férias de final de ano com nossa família no Recife, atravessando do sudeste para o nordeste em longas viagens de carro. Por conta disso, desde menor tive a oportunidade de ver a paisagem natural e gráfica do Brasil em metamorfose diante dos meus olhos. Foi no Rio também que conheci o funk e suas ramificações, o samba e o rap, tal qual como acontecia no Recife, por influência das ruas e esquinas. Meus pais não deixavam eu e meu irmão ouvirmos nada que fosse “do mundo” dentro de casa. Falando em funk, pra mim, o proibidão e o forró sempre tiveram mais semelhanças que diferenças e isso sempre me fascinou muito. O exagero, a espontaneidade, a genialidade sonora, a putaria, o proibido, tudo isso sempre fez parte do meu imaginário.

Com certeza no meio dessas vivências acabei experimentando e consumindo também muita coisa gringa, principalmente no campo do audiovisual e da música. Era impossível ficar alheio a isso tendo TV aberta em casa por mais de 20 anos. Os desenhos, comerciais de brinquedos e os canais abertos de videoclipes eram parte do meu consumo diário. Vejo que isso foi muito importante também para entender as várias formas de expressão e linguagens que existiam para além das localidades em que transitava.

É como diz um artista que gosto muito chamado Olirum que diz que é mais importante ser filtro que esponja, e assim o faço. Afinal de contas, o Brasil é um país inegociavelmente antropofágico, miscigenado, que absorve, transforma e lança de volta ao mundo. Consequentemente isso também faz minha prática artística.

  • Como surgiu o seu interesse pela arte e pelo design? Houve alguma influência para seguir essa área?

Design mesmo eu fui descobrir que existia durante o pré-vestibular, lá pelos meus 23 anos de idade. Por ter vivido a maior parte da minha vida afastado das metrópoles e dos cartões postais, tive dificuldade de acesso a muitas informações. Só descobri que existia faculdade aos meus 18 anos no terceiro ano do ensino médio. No ano seguinte já estava trabalhando de porteiro para custear meus estudos no pré-vestibular. Nessa época, acreditava que o campo de conhecimento que chegava mais próximo do que eu gostaria de estudar era Publicidade e propaganda. Desde menor era fascinado pelas propagandas de brinquedos que passavam nos intervalos dos desenhos animados na Globo, SBT e Band. Era muito curioso que mesmo eu sendo criança/adolescente pensava: “como esses caras conseguem fazer esses visuais tão bonitos que prendem minha atenção e me fazem querer ter esses brinquedos?”. Inclusive, tinha total consciência de que não poderia tê-los, porque meus pais sempre deixavam claras as prioridades em relação a grana dentro de casa. Apesar de também gostar muito dos jingles dessas campanhas publicitárias, me amarrava muito mais na parte visual da coisa. Quem não lembra como eram brabos os comerciais de Max-Steel e Hot Wheels nos anos 90? Eram lindos, animais! Quando descobri que era possível estudar um campo de conhecimento específico e que eu gostava, mirei logo na publicidade.

Prestei vestibular por três anos seguidos, sempre na função entre trabalho e estudo. Nos dois primeiros anos acabei não passando pro curso e instituição que queria, que era Publicidade e Propaganda na Universidade Federal Fluminense (UFF), principalmente por ser uma universidade mais próxima da minha cidade. Nessas duas primeiras tentativas acabei passando para opções alternativas, mas recusava dedicar meu tempo de estudo em áreas de interesse secundárias. Queria dominar o visual das coisas. Mais do que isso, meu interesse maior em entrar para faculdade era aprender a pensar todas as coisas que passavam pela minha cabeça. Sempre acreditei que as ideias que eu tinha e as coisas que refletia tinham muito valor, mas não sabia como organizá-las para torná-las reais. Daí minha dedicação em conseguir alcançar uma vaga de estudo numa área que gostava muito.

Na minha terceira tentativa já tinha realizado que se não passasse para publicidade, me dedicaria ao ofício de cortar cabelo, algo que já tinha começado a engatar no ano anterior e que tinha mais apoio da minha família do que entrar pra faculdade. No ano dessa terceira tentativa, não me recordo como, mas descobri que existia o curso de design, que, na época, enxergava ser algo parecido com o que eu gostava em propaganda, então decidi apostar todas as minhas fichas nessas duas áreas de conhecimento. Pra minha felicidade e fazendo jus aos longos anos de tentativas, passei para Design na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e para publicidade na PUC-RIO com bolsa integral pelo PROUNI. O primeiro do meu pequeno núcleo migrante a conquistar essa proeza. Nessa época a UFRJ estava de greve, então decidi iniciar minha jornada acadêmica na PUC e depois de um ano cursando publicidade e propaganda aprendendo a escrever redação publicitária, acabei escolhendo migrar dentro da PUC mesmo pro curso de design em comunicação visual, que parecia ter mais a ver com o que eu queria no final das contas. Foi a melhor decisão da minha vida. O design mudou minha forma de pensar a vida e de ver o mundo.

  • Você é formado em Comunicação Visual pela PUC. Teve algum motivo específico que te direcionou para esse campo?

Acho que todo jovem do interior acaba sentindo muito o baque de começar a frequentar uma universidade. São muitas as camadas de acesso que você tem que romper quando se vive afastado dessas grandes instituições. Digo isso, porque quando cheguei na PUC não fazia ideia da grandiosidade monumental dessa universidade, da localização dela, que é simplesmente na zona mais rica da cidade do Rio. Eu passei meu primeiro ano tomando uma surra geográfica, psicológica e visual me deslocando da minha casa com rua de chão de terra batido pra estudar sobre o melhor asfalto do Rio de Janeiro. Como as matérias de publicidade e propaganda eram muito voltadas à escrita, me sentia frustrado. Porém, uma dessas matérias, que fugia da escrita, se chamava “História do pensamento” e foi nela que eu, um pensador compulsivo, fiz morada pra conseguir refletir que rumo daria a minha vida.

O professor dessa matéria chamava-se Remo e eu tinha conversas pós aula com ele sobre esse assunto, se deveria seguir insistindo na publicidade ou se mergulhava no design de uma vez. Lembro que numa das aulas finais dessa matéria, após ler o conto de Fausto, tive uma crise existencial profunda e fui conversar com Remo mais uma vez. Ele ouviu minha apelação e me fez a seguinte pergunta: “se você vivesse sua vida novamente exatamente como tem vivido até então, minuto após minuto, dia após dia, escolha após escolha, qual decisão você tomaria?”. Aquilo me deu material pra ficar pensando por meses até decidir arriscar mais uma vez e mudar de curso dentro da faculdade após um ano já me dedicando a publicidade. Já nas primeiras matérias que comecei a cursar em design tive certeza que finalmente estava aprendendo a pensar aquelas ideias e reflexões que sempre pairavam sob minha mente fértil desde quando era menor. Digo com certeza que o curso de design em comunicação visual na PUC-Rio me ensinou a pensar.

Desde então levo minha prática de design muito a sério, reflito minha história de vida que sempre foi recheada de boas referências visuais, diria que encantadoras. Tenho memórias afetuozíssimas com letreiros feitos à mão dentro e fora dos mercados, vendinhas, dos visuais presentes nas estradas que viajava com minha família atravessando o Brasil pra matar a saudade da nossa terrinha, dos letreiros dos pequenos negócios dos bairros em que vivi, com placas de rua improvisadas, com as casas gradeadas em sankofas da minha favela em contraste com os arranha céus imponentes do centro da cidade. Me sinto uma grande parabólica que captura e reflete sinais a todo momento. A forma como vejo o mundo é a forma que executo e concebo meus trabalhos visuais.

  • Seu trabalho é reconhecido por sua autenticidade e a mistura da cultura popular brasileira. Como você descreve o seu processo criativo?

Minha vivência é parte essencial desse processo. Falar da cultura popular brasileira é falar a língua que sei, é falar da minha família, dos amigos que fiz ao longo da minha jornada, das músicas que já saboreei, das comidas que me fazem salivar todo santo dia. Explicar meu processo em minúcias é difícil, porque eu sou um bagunceiro experimental metodológico.

Refletindo um pouco, posso dizer que meu processo é experimental e acumulativo. Desde comecei a levar meus estudos visuais a sério, venho tecendo uma grande malha de possibilidades e à medida em que os projetos e demandas chegam, acesso alguns nós dessa malha para propor resultados. Cada projeto é um mergulho completamente diferente.

  • O letreiro popular é destacado na maioria de suas obras. Você acredita que essa tipografia define o design brasileiro?

Ao meu ver, a tipografia popular jamais pode ser considerada a definição do design brasileiro. Definir o visual brasileiro apenas por um viés é reduzir toda a esmagadora possibilidade que a gente tem aqui. Somos um país tropical, compulsivamente diverso. Quando Darcy Ribeiro diz “vários brasis dentro do Brasil” ele tem total razão e isso se aplica na nossa prática de design. Mesmo com toda disparidade social e econômica, é um país de contexto de fartura e essa fartura antecede todo campo de conhecimento do design. Temos que respeitar isso antes de tudo.

Digo isso, porque o design no Brasil tem pouco mais de 60 anos, ainda há muito o que investigar e afirmar sobre identidade nacional. Estamos nesse processo. Esse campo de conhecimento veio completamente importado, principalmente pela prática alemã no fazer do design que, por sua vez, construiu tal prática depois de um período terrível de escassez no pós segunda guerra mundial. Isso fez com que eles acabassem adotando o minimalismo como prática de design para otimizar uma produção industrial que precisava abastecer toda uma nação que tinha poucos recursos e, por sua vez, atender um contexto de falta. Falta de materiais, falta de grana para investimentos mais complexos na produção de uma nova Alemanha quebrada. Vejo que eles conseguiram contornar brilhantemente esse cenário, consolidando uma linha de raciocínio que se espalhou por todo globo, chegando até nós.

Apesar de achar importantíssima a introdução do design no Brasil pelo viés alemão, acredito que já passou da hora da nossa autoanálise sobre o tema. Lina Bo Bardi, o próprio Aluísio Magalhães, um dos fundadores da primeira escola de design do Brasil, e Fátima Filizola são nomes importantíssimos dessa autoanálise. Não muito longe deles, vejo meu trabalho prático contribuindo ativamente sobre isso.

Tratei sobre esse tema no meu trabalho de conclusão de curso na faculdade, trouxe essa pesquisa para além do campo acadêmico e pretendo continuar a falar desse assunto até que cesse meu fôlego de vida.

  • Quais foram as primeiras influências artísticas que você teve e qual foi o impacto delas na sua trajetória?

Quando comecei minha pesquisa em tipografia popular, confesso que o que me influenciava eram obras de autores que até então não tenho ciência de seus nomes. Um dos que me fascinavam, por exemplo, era o(s) autor(es) do letreiro “SOS ÁRVORES”, presente nos muros do Rio de Janeiro inteiro, principalmente nas regiões metropolitanas da cidade. Ver um SOS Árvores depois da ponte Rio-Niterói era algo que me fazia sentir em casa, mesmo estando tão distante. Indo mais a fundo nesse quesito de influência, quando era menor, bem pequeno, uma referência que nunca saiu da minha mente e que moldou completamente meu bom-gosto pelas coisas são duas referências gringas. Estranho falar isso, né? Mas é real. Por ter sido uma criança muito criada dentro de casa como proteção a violência entre o tráfico e a polícia nas localidades onde morei, a televisão acabou sendo uma educadora visual poderosa. Então, os desenhos animados que passavam na TV Aberta eram a melhor parte do meu dia. Principalmente bem cedo pela manhã, quando passava Tom & Jerry e Looney Tunes. Talvez esses dois desenhos tenham sido meu primeiro grande encantamento com artes visuais e que acaba se refletindo um pouco hoje no meu trabalho com graffiti. Continuo encantado pela forma com a qual era construída a narrativa visual desses desenhos, sempre com música clássica e cenários pintados em aquarela, personagens divertidos e presepados. Me identificava muito, pareciam muito comigo.

Desde que conheci música clássica por meio desses desenhos teimo em escutar esse tipo de música até hoje, principalmente pra trabalhar, tipo MEC FM, essas coisas. As pessoas à minha volta nunca gostaram tanto de ouvir comigo, mas sei lá, mexe com meu coração e com meus sentidos de um jeito bonito. Parece que é sempre uma surpresa o que vai acontecer a seguir quando se ouve música clássica ou instrumental. Gostar desse tipo de música me fez mergulhar em obras brasileiras que me emocionam profundamente e que me inspiram a chegar nas minhas maiores inspirações de artistas brasileiros, como os geniais Baden Powell, Alceu Valença, Moacir Santos, Stan Getz e João Gilberto. Para além deles, também, na música, estão nesse pódium Evinha, Gal Costa, Cátia de França, Bezerra da Silva, Edu Lobo, Jorge Ben, Jorge Aragão e Azymuth. A música influencia muito meu trabalho, meus processos e minha produção como um todo. É uma ferramenta cultural poderosíssima.

  • Sobre seu TCC, o que te motivou a desenvolver o projeto "VerBRacular"? Como você percebe a relação entre o design de rua e o design acadêmico no Brasil?

Meu maior motivador foi não enxergar minha realidade gráfica no ambiente acadêmico. Queria que fosse possível que pessoas que vêm do lugar de onde vim pudessem cursar uma faculdade de design gráfico entendendo que sua realidade pode ser o principal combustível para se inspirar e criar visuais potentes, atemporais e consistentes, tanto quanto os alemães e americanos que a gente tanto estuda fazem.

O design de rua é o design do povo para o povo. A comunicação é uma necessidade inerente ao ser humano e eu vejo no design de rua uma genuína iniciativa do popular de comunicar sua resistência, existência ou sua adequação ao sistema econômico que vivemos vendendo seus produtos, serviços ou força de trabalho. Já o design acadêmico trata de dar uma resposta ao mercado sob o campo do design, ele supre a necessidade de formar pessoas para atender a indústria. A relação entre uma coisa e outra é sócio-econômica e se retroalimenta. A indústria acaba inevitavelmente influenciando o consumo e, por sua vez, atravessa a vivência do popular que acaba tendo como intenção alcançar essa influência industrial. Por isso, por exemplo, passamos por uma massiva migração dos letreiros manuais para letreiros impressos. Ou da mímese de letras de grandes fundidoras ou fontes digitais por designers e artistas das letras manuais.

Ao mesmo tempo, o design acadêmico, por ser um reflexo da indústria, acaba se alimentando do design orgânico das ruas para suprir sua escassez de ideias e criar novos produtos que interessam o caráter popular de consumo. Vejo meu trabalho como uma quimera entre esses dois mundos, se localizando num lugar que conheço bem, ainda mais por ser um jovem negro mestiço no Brasil: o não lugar.

  • Em sua trajetória, você colaborou com artistas renomados como Cleyton Rasta, Anitta e Attoxxá. Como essas parcerias influenciaram no seu trabalho e no seu processo criativo?

Sou muito feliz por meu trabalho ter alcançado outros artistas que permeiam a cultura pop e a cultura popular brasileira, que vejo com coisas completamente diferentes, mas que se tocam em diversos momentos. Esses artistas me deram liberdade para executar um trabalho autoral expressivo e que atendesse as expectativas conceituais dos seus próprios, o que é um marco pessoal muito importante. Acredito muito que um trabalho solitário perece, então, me conectar com essa galera é uma resposta positiva ao que sempre tive intenção de somar. Não só com eles, mas colaborar com artistas da minha localidade, como G2ois, Liu Bob, PhiLL Oladele, TK, Antonio Constantino, Raro, Taleko e KBrum ou com instituições que respeito muito, como Museu de Arte do Rio e Caixa cultural, também me faz sentir dessa forma.


  • Quais são seus próximos projetos e o que podemos esperar de suas próximas colaborações e criações artísticas?

Esse ano é muito especial, mas por questões contratuais ainda não posso revelar muitas coisas que estão por vir e isso me deixa ansiosooo! O que posso falar é que vão rolar exposições em que a galera vai poder ver de perto o design brasileiro em ação e a desconstrução desse design quando ele toca na arte contemporânea. Atualmente, estou em cartaz no Museu de Arte do Rio na exposição “FUNK: Um grito de ousadia e liberdade” até o final de março deste ano no centro do Rio de Janeiro com meu corredor, que é um dos meus maiores feitos e de quebra é a entrada da exposição dentro do museu, com mais de quarenta metros de comprimento e muita tinta, xarpi e graffiti. Além disso, também estou em cartaz nesta mesma exposição com uma obra na sala 2, a “Pouco fala, muito corrreria”. Também estou em exibição na OCUPÁ que traz a exposição que tem por título “BAILE”, na Gávea, onde exibo minha primeira faixa vertical “Polícia pára quem”. Ambas obras expostas são letreiros sobre ráfia, material muito conhecido por ser suporte das famosas faixas de anúncio de baile, pagode, eventos ou agradecimentos ao prefeito pelas obras pós-eleições. No mais, sempre compartilho referências, processos, novidades e novas produções no meu instagram @soletrabraba.

  • Se você pudesse dar uma dica para alguém, o que diria?

Olhos e ouvidos abertos, não veja nada, não ouça ninguém.


Fotos por Aline Reis, Felipe Combo e Patrick Marinho